Esportes

Filiado ao PMDB, ex-judoca Rogério Sampaio assume o controle de doping no Brasil

O Ministério do Esporte decidiu trocar o comando da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) após o descredenciamento do laboratório brasileiro pela Wada (Agência Mundial Antidoping). Marco Aurélio Klein, que estava no cargo desde 2014, foi tirado e para seu lugar foi escolhido o ex-judoca Rogério Sampaio, que coincidentemente pertence ao mesmo partido do ministro Leonardo Picciani.

“Não houve ligação política nessa decisão. Mas sou filiado ao PMDB, embora nunca tenho saído como candidato. Tenho um perfil mais para um cargo no executivo, do que no legislativo. Mas não pretendo fazer isso nessa eleição”, avisou Rogério Sampaio, que foi campeão olímpico em 1992.

Picciani, ministro do Esporte, explicou que já tinha avisado que faria trocas nas secretarias para colocar pessoas de sua confiança e que a saída de Klein não tem a ver com o recente descredenciamento do LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem). “Recebi o convite há alguns dias e fui conversar. É um momento histórico para o País e eu não podia deixar de contribuir. É um grande desafio, aceitei e estou tentando entender”, disse Rogério Sampaio.

A principal missão dele agora é reabilitar o laboratório para os Jogos Olímpicos. Nesta quarta-feira, ele conversou com Eduardo De Rose, médico do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e membro da Wada, e está procurando conhecer mais de perto o LBCD. “Percebi que tecnologia nós temos, a princípio foi uma falha no processo de desenvolvimento do exame que causou o descredenciamento. Foi uma questão técnica e temos a capacidade de correção”.

Entre os dias 5 a 7 de julho, a Wada fará uma visita ao laboratório e Rogério Sampaio vai receber os representantes. Ele garante que existe uma boa equipe técnica e espera reverter a situação para que o LBCD seja usado para fazer todos os exames nos Jogos Olímpicos do Rio.

DELAÇÃO – No início do ano, o Ministério Público de São Paulo recebeu da ABCD evidências concretas que apontavam o uso de determinado medicamento proibido no esporte que ajuda a melhorar a oxigenação do sangue. Quem está cuidando do caso é o promotor criminal José Reinaldo Guimarães Carneiro.

“Estamos às vésperas dos Jogos Olímpicos e o Brasil passa uma imagem horrorosa. A ABCD está trabalhando, o MP foi acionado e já existe um inquérito policial porque o crime é gravíssimo. Acredito que a mudança no comando da ABCD não vai alterar o caso, pois a documentação já está em meu poder”, explicou.

Alguns atletas brasileiros toparam fazer uma “delação premiada” e revelaram os esquemas de doping no esporte. “Isso envolve diversas modalidades, mas sobretudo o atletismo. Mas não quero mergulhar em especulações. Queremos agora terminar a investigação e ver qual a extensão disso. Por causa da colaboração dos atletas, conhecemos melhor o mundo da dopagem e vamos descobrir como é feita a distribuição e quem é conivente com isso”, concluiu.

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