A queda do francês Michel Platini teria sido orquestrada por Jérôme Valcke e pela direção da Fifa, como uma revanche pelas revelações sobre como o ex-secretário-geral da entidade esteve envolvido no esquema de venda de entradas para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Isso é o que revelam, nesta sexta-feira, executivos da empresa JB Sports, a autora da acusação sobre o envolvimento de Jérôme Valcke nas vendas de entradas no mercado negro. Em 2015, a companhia trouxe à tona documentos e e-mails apontando que o francês participou do esquema e ganhou uma comissão durante a Copa do Mundo.
Agora, em uma nova onda de revelações, a JB Sports revela que, três dias antes do vazamento dos e-mails, Jérôme Valcke os teria ameaçado e com um recado bastante claro: se Benny Alon, dono da empresa, não cancelasse a publicação de seus dados confidenciais, seu aliado – Michel Platini – seria o alvo de uma revanche.
Benny Alon foi adiante e a um grupo de jornalistas em Zurique, entre eles o jornal O Estado de S.Paulo, entregou documentos e e-mails provando o envolvimento de Jérôme Valcke no esquema de entradas avaliadas em milhões de dólares. A resposta não demoraria para ocorrer. Sete dias depois, a Justiça suíça anunciaria que havia recebido documentos de uma fonte confidencial mostrando que Michel Platini recebeu pagamentos de US$ 2,2 milhões por parte de Joseph Blatter, em um esquema considerado como irregular.
Michel Platini justificou que o dinheiro se referia a um salário atrasado. Mas nem o Comitê de Ética da Fifa e nem a Corte Arbitral dos Esportes (CAS, na sigla em inglês) deram razão ao francês, o punindo com anos de suspensão e o retirando da corrida para a eleição presidencial na Fifa.
Segundo Benny Alon, a ameaça veio direto de Jérôme Valcke. O francês ligou para dois assessores de Michel Platini para os ameaçar e “pedir que o vazamento fosse impedido”. “Segundo ele, se o plano continuasse, sérias consequências ocorreriam”, declarou Alon. “Alguém na Fifa decidiu que Platini não poderia ser presidente”, disse.
O executivo admite que Michel Platini assinou os balanços financeiros da entidade que escondiam o pagamento. Mas alega que ninguém dentro da entidade o alertou que não poderia receber. “Por quatro anos, ninguém disse nada sobre isso”, disse Benny Alon. “O fato de o documento ter reaparecido não foi por acaso. Foi uma tentativa desesperada para atacar Platini”, acusou o dono da JB Sports. “Quando levamos tudo em consideração, não há como não pensar que houve alguém que não queria que ele fosse presidente”, completou.