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Com futebol ofensivo, Rogério Micale tentará ganhar o ouro inédito para o Brasil

Rogério Micale herdou algo que já era dele. O fracasso de Dunga com a seleção brasileira na Copa América Centenário devolveu-lhe o time olímpico masculino de futebol. Time que preparara por mais de um ano, em amistosos e observando jogadores, mas que lhe seria tirado no momento mais importante: os Jogos do Rio. A demissão de Dunga e a recusa de Tite de dirigir o time corrigiram a rota.

A oportunidade representa também o grande desafio na vida profissional deste baiano de 47 anos, desconhecido de boa parte do torcedor justamente por ter feito carreira profissional no futebol de base. É dele a missão de comandar os 18 jogadores que vão tentar a inédita medalha de ouro para o futebol brasileiro no Rio.

Missão que começa efetivamente nesta segunda-feira, quando o grupo se reúne na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), para iniciar os treinamentos – o Brasil estreia na Olimpíada no dia 4 de agosto contra a África do Sul, em Brasília.

A desconfiança não o incomoda nem o faz titubear sobre a maneira como pensa o futebol. Micale entende que um time deve ser equilibrado. Mas não pode sufocar as características dos jogadores nem as históricas. No caso do futebol brasileiro, o DNA ofensivo não pode ficar em segundo plano.

“Parto do princípio de respeitar as nossas características, a cultura do nosso futebol. O nosso jogo é um jogo ofensivo. A gente não pode tentar limitar essa características e sim tentar potencializar e otimizar”, disse Micale ao jornal O Estado de S.Paulo. “Ficamos conhecidos no mundo todo por essa característica. Por que não ganhar dessa forma? De uma forma mais ofensiva? É isso que eu vou tentar fazer”.

O Brasil já tentou o ouro olímpico comandado por nomes de peso como Vanderlei Luxemburgo, o próprio Dunga e Mano Menezes, entre outros. Por isso, a opção da CBF por dar o comando a Rogério Micale na Olimpíada que é considerada a mais importante para o futebol brasileiro surpreendeu. Mas, na entidade, quem acompanha o trabalho do treinador, considera a decisão acertada.

O próprio Rogério Micale diz entender a desconfiança em torno dele. E não liga. “O importante é que me sinto preparado”. Essa preparação é fruto também de estudo constante e da observação atenta e continua do trabalho de técnicos como Pep Guardiola, Carlo Ancelotti, Jürgen Kloop e de Tite, de quem se define como admirador.

OPÇÃO PELA FAMÍLIA – Rogério Micale tem a carreira ligada às categoria de base porque ele assim o quis. Motivo: conciliar o futebol com a vida familiar (é casado com Silvana e tem três filhas, Carolina, Natália e Amanda). “É importante educar os filhos”, disse.

Isso também o levou a fixar-se no Paraná, onde trabalhou em vários times antes de ir para Santa Catarina (com o Figueirense foi campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2008, o mais importante de seus 17 títulos), antes de chegar ao Atlético Mineiro (mora em Belo Horizonte há quatro anos) e, em 2015, à seleção.

Momentaneamente, a família ficará em segundo plano. O motivo, porém, é nobre. Rogério Micale espera voltar para a casa com o ouro na bagagem.

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