Em decisão surpreendente nesta quinta-feira, o Grupo de Estratégia da Fórmula 1 contrariou a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e decidiu adiar a adoção da proteção do cockpit dos carros para a temporada 2018. A FIA defendia a incorporação do chamado halo, modelo que agrada mais aos pilotos e equipes, já para o campeonato de 2017. Nesta mesma reunião, o Grupo de Estratégia decidiu ser mais liberal na comunicação de rádio entre pilotos e times.
Na decisão mais importante, o grupo que conta com representantes da FIA, da FOM (que detêm os direitos da F1 e é comandada por Bernie Ecclestone) e das seis principais equipes do campeonato definiu que precisa de mais tempo para avaliar a utilização do halo, apesar do apoio dado por pilotos e pela FIA para a adoção do sistema já no próximo ano.
De acordo com o grupo, há pouco tempo para adotar o sistema para 2017 e que “seria prudente” aproveitar o restante da atual temporada e a próxima para fazer novos testes e avaliar todo o potencial do halo. A entidade avisou que o sistema ainda é o favorito para proteger a cabeça dos pilotos nos carros, mas não descartou considerar outras opções.
O halo é uma espécie de arco erguido sobre a cabeça dos pilotos, com três pontos de fixação no carro. Um destes pontos fica exatamente à frente do piloto, o que já causou críticas por possíveis prejuízos à visibilidade. Os próprios pilotos, porém, aprovaram o sistema após testes na semana passada.
Apesar da aparência pouco atrativa nos carros, o sistema agrada aos pilotos por causa da proteção. O halo evita que objetos na pista, às vezes soltos pelos próprios carros, atinjam quem vem atrás, como foi o caso do acidente sofrido por Felipe Massa no treino do GP da Hungria, em 2009. Uma peça do carro de Rubens Barrichello atingiu a cabeça de Massa.
“Acho que 90 ou 95% dos pilotos vão votar a favor do sistema. Não gostamos muito da aparência, mas eu não acho que exista qualquer coisa para justificar uma morte”, disse o alemão Sebastian Vettel, antes da decisão do Grupo de Estratégia.
RÁDIO – Na mesma reunião, o grupo decidiu amenizar as restrições impostas às comunicações de rádio entre pilotos e equipes durante as corridas. As restrições foram ampliadas para o campeonato deste ano e vinham gerando polêmicas. Na última, o piloto alemão Nico Rosberg foi punido por ter recebido informações demais ao longo do GP da Inglaterra.
Após seguidas reclamações dos times, o Grupo de Estratégia decidiu liberar totalmente a comunicação durante as corridas. “Não haverá limitações nas mensagens enviadas pelas equipes aos pilotos por rádio ou pelo pit board placa levantada pelas equipes na pista”, disse a FIA, em comunicado oficial.
Esta decisão já passa a ser válida no GP da Alemanha, que será disputado no Circuito de Hockenheim neste fim de semana.