Os fãs mais antigos terão que se acostumar com uma nova NBA a partir desta temporada. O campeonato que começa nesta terça-feira será o primeiro em quase 20 anos a não contar com um trio de estrelas que assumiu a responsabilidade de liderar a liga após a aposentadoria de Michael Jordan. De uma só vez, os torcedores perderam os astros Kobe Bryant, Kevin Garnett e Tim Duncan, que anunciaram a aposentadoria nos últimos meses.
O trio chegou à liga no fim dos anos 90 e foi responsável por moldar a nova cara da NBA após a aposentadoria de Michael Jordan no Chicago Bulls em 1998 – ele ainda voltaria a jogar pelo Washington Wizards anos mais tarde, mas sem o mesmo brilho. E em um momento em que se tinha dúvidas sobre o sucesso do campeonato sem seu maior astro, tiveram êxito e se tornaram ídolos mundiais em uma NBA que ganhava o mundo com a globalização.
Mas a eficácia de Tim Duncan, a agressividade de Kevin Garnett e a competitividade de Kobe Bryant ficaram no passado. Desta vez, no entanto, não há dúvidas sobre a capacidade de sobrevivência da NBA sem estes astros. Isso porque outros grandes ídolos surgiram nos últimos anos e já estão consolidados como lendas do basquete. É o caso de LeBron James, talvez o maior nome da modalidade nos últimos 10 anos, que tentará liderar o Cleveland Cavaliers ao bicampeonato.
LeBron foi o grande responsável pelo primeiro título da história da franquia – e o primeiro troféu da cidade de Cleveland nas grandes liga norte-americanas em 52 anos – na temporada passada. Em 2016/2017, terá ao seu lado mais uma vez Kyrie Irving e Kevin Love para tentar repetir o feito, mas não será fácil.
Por mais que tenha sido campeão na última temporada, o Cavaliers não chega para a nova temporada como favorito. Esta condição pertence ao Golden State Warriors. Depois de bater o recorde de vitórias em uma temporada regular em 2015/2016, com 73, e ficar com o vice-campeonato ao cair justamente para o time de Cleveland na decisão, a franquia não se deu por satisfeita e contratou outro dos principais nomes do basquete na atualidade: Kevin Durant.
O ala deixou a parceria de longa data com Russell Westbrook no Oklahoma City Thunder para se juntar justamente ao maior algoz da equipe. A decisão foi muito criticada por boa parte dos torcedores, mas transformou o Warriors em um novo supertime. Ao lado de Klay Thompson, Draymond Green e, principalmente, Stephen Curry, MVP (jogador mais valioso) das últimas duas temporadas, Durant tem tudo para brilhar e entrar de vez na briga por seu primeiro título na carreira.
Na Conferência Oeste, o Warriors terá que superar novamente a concorrência de alguns dos times que já o incomodaram nos últimos anos. Se o Thunder parece estar um degrau abaixo após a perda de Durant, o San Antonio Spurs, o Los Angeles Clippers e o Houston Rockets prometem incomodar. Se perdeu Duncan, o Spurs se reforçou bem com Pau Gasol, assim como o Rockets, que trouxe Nenê e outros veteranos para auxiliarem James Harden. O Clippers, por sua vez, apostou na continuidade do trio formado por Chris Paul, Blake Griffin e DeAndre Jordan.
No Leste, o Cavaliers desponta como favorito, mas também terá alguns fortes concorrentes. O Boston Celtics manteve sua forte e jovem base e se reforçou com o pivô Al Horford para voltar a brigar no topo. O Toronto Raptors preservou a dupla formada por Kyle Lowry e DeMar DeRozan e também deve incomodar. Assim como o Atlanta Hawks, que manteve Paul Millsap e Kyle Korver e trouxe o pivô Dwight Howard como reforço.
Há ainda aqueles times difíceis de prever pelo que brigarão, e entre eles estão dois dos que mais se reforçaram. O Chicago Bulls perdeu Derrick Rose e Joakim Noah, mas contratou Robin Lopez, Rajon Rondo e Dwyane Wade para atuarem ao lado de Jimmy Butler. Já o New York Knicks tirou Rose e Noah do Bulls, contratou também Brandon Jennings e manteve Carmelo Anthony e o jovem Kristaps Porzingis.
BRASILEIROS – Como em 2015/2016, serão nove brasileiros na principal liga de basquete do mundo, com destaque para Nenê, que vem de uma ótima participação na Olimpíada e se transferiu para uma boa equipe, o Rockets. Outro que mudou de time foi Leandrinho, que deixou o Warriors para voltar para o Phoenix Suns, onde despontou na NBA entre 2003 e 2010.
Quem ficou no Warriors foi Anderson Varejão, mas ele deve ter papel secundário na equipe. Marcelinho Huertas permaneceu no Los Angeles Lakers, Bruno Caboclo e Lucas Bebê no Toronto Raptors, Cristiano Felício no Bulls, Raulzinho no Utah Jazz e Tiago Splitter no Atlanta Hawks. O pivô, aliás, luta para ter uma temporada livre de lesões para voltar a ser importante para o time.