A intensa pressão sobre o presidente Roberto de Andrade tornou-se insustentável e, nesta quinta-feira, o Corinthians confirmou a saída do técnico Oswaldo de Oliveira. Os péssimos resultados neste retorno ao time que o projetou para o futebol e o confuso momento político do clube foram determinantes para a dispensa do técnico, após somente dois meses de trabalho.
Oswaldo tinha contrato com o Corinthians até o fim de 2017, mas sua demissão foi encaminhada em uma reunião entre a diretoria e o treinador, na última quarta-feira, em São Paulo. A decisão foi anunciada somente nesta quinta. Além de Roberto de Andrade, participaram da reunião com Oswaldo de Oliveira o diretor de futebol Flávio Adauto e o gerente Alessandro Nunes.
“Trouxemos o Oswaldo porque acreditávamos na competência dele. Sabíamos que não dava para fazer muita coisa nesse curto espaço de tempo, mas a resposta dada nesses dois meses de trabalho também não foi o mínimo que esperávamos”, disse o presidente, em entrevista coletiva.
Com a turbulência nos bastidores e os pedidos cada vez mais fortes para que renuncie ao cargo, Roberto de Andrade viu na demissão de Oswaldo uma chance de apaziguar o clima no clube. Ele era o principal defensor do treinador na alta cúpula corintiana e bancou praticamente sozinho sua contratação em outubro. O ex-presidente Andrés Sanchez e os seus aliados, como o ex-diretor Eduardo Ferreira, que se desligou da gestão de Roberto, foram contrários à contratação.
Roberto de Andrade admite o erro na contratação do treinador, mas assegura que tem acertado muito mais do que errado no comando do clube. “Erros sempre existem, ninguém tem 100% de acerto. Se analisar e tirar uma média, estamos com mais crédito do que débito. Agora precisamos aguardar o novo treinador, esperar a estrutura que ele vai querer ter e se vai trazer alguém”, analisou.
O dirigente afirmou ainda que mexerá no elenco. “Sabemos que você pode errar, mas persistir no erro é pior ainda. Claro que a ideia é que o próximo treinador não fique dois meses, mas cinco ou dez anos. Para isso acontecer é preciso ter resultado, no futebol sem resultado fica difícil. Se o elenco não funciona, tem que mexer no elenco também, é o que iremos fazer”, comentou.
Em nove partidas sob o comando de Oswaldo, o Corinthians somou duas vitórias, quatro empates e três derrotas, com o péssimo aproveitamento de 37% dos pontos. É o pior aproveitamento entre os quatro treinadores que o Corinthians teve em 2016. Além dele, Tite, Cristóvão Borges e o auxiliar Fábio Carille exerceram a função nesta temporada.
Roberto de Andrade negou que tenha sido o único no clube a apoiar a contratação de Oswaldo de Oliveira, embora muitos de seus aliados tenham se afastado após a chegada do treinador. “É um pouco de lenda que fui eu que trouxe o Oswaldo, mas quem decide é o presidente. Eu não fiquei sozinho no nome do Oswaldo, pelo contrário. Muita gente ficou do lado dele. Nunca agi de forma isolada para trazer um jogador. Consulto todo mundo, as pessoas dão sua ideia, falam sobre o treinador e vamos juntando isso e fazendo uma avaliação para errar o menos possível.”
Entretanto, ele assume que a pressão nos bastidores atrapalha o dia a dia do clube. “Sempre atrapalha, nunca é bom, mas a gente procura separar a política do trabalho. Eu procuro fazer meu trabalho e o Corinthians não espera resolver problema político para atuar e agir”, completou.
Apesar disso, Roberto nega que a decisão tenha sido uma forma dele conseguir acalmar o agito bastidor político do clube. “Estou tranquilo quanto a isso, sei que não cometi nada de errado e isso é mostrado com documentos. Nunca é legal, mas não posso depender disso para continuar meu trabalho. Eu sigo trabalhando. Se todo mundo estiver contra o Oswaldo e eu estou tirando o Oswaldo, acho que estou agradando. Mas não fiz isso para agradar, não por problema político, mas em prol do Corinthians”, assegurou o dirigente, que esteve acompanhado do diretor de futebol Flávio Adauto e do gerente de futebol Alessandro Nunes.
Curiosamente, as duas únicas vitórias de Oswaldo no Corinthians foram diante de equipes que seriam rebaixadas no Campeonato Brasileiro: América-MG e Internacional. Foi também sob o comando do técnico que o time paulista caiu por 4 a 0 diante do arquirrival São Paulo.