A Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) confirmou nesta sexta-feira que o jamaicano Nesta Carter entrou com uma apelação junto ao máximo tribunal esportivo mundial para tentar reverter a punição por doping que acabou tirando o ouro olímpico que conquistou junto com a equipe do revezamento 4x100m da Jamaica nos Jogos de Pequim, em 2008.
O velocista testou positivo para a substância metilhexanamina, um estimulante proibido, na reanálise do seu exame antidoping, em mais um dos muitos casos que apareceram depois que o Comitê Olímpico Internacional (COI) começou a reanalisar centenas de amostras dos Jogos de Pequim e Londres-2012, na esteira de uma série de escândalos de doping, envolvendo principalmente a Rússia.
O caso envolvendo Carter, deflagrado apenas no mês passado, acabou custando a Usain Bolt a perda de uma de suas nove medalhas de ouro olímpicas, pois o homem mais rápido do mundo fez parte daquela equipe jamaicana do revezamento 4x100m que também contou com Asafa Powell e Michael Frater naquela final da prova em Pequim.
O veredicto da CAS para este caso poderá demorar vários meses para ser conhecido, pois a corte informou nesta sexta que ainda irá formar um painel de três juízes antes de determinar uma data para a audiência. Em seguida, o máximo tribunal esportivo lembrou que o painel de juízes irá julgar o caso e apenas depois, em uma outra data, irá aplicar uma sentença arbitral.
A cassação da medalha de ouro da equipe jamaicana fez o Brasil comemorar um bronze tardio nesta prova dos 4×100 metros em Pequim-2008. O time formado por Vicente Lenílson, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos Moreira, o Codó, herdou a medalha após ter terminado aquela final na China em quarto lugar.
Depois de perder o ouro olímpico do revezamento em Pequim, o maior astro do atletismo mundial competiu em um meeting na Austrália no início deste mês, quando ajudou a sua equipe, denominada “Bolt All Stars”, a vencer a disputa contra outros cinco times de atletas na competição realizada em três dias diferentes, ao longo de uma semana, em Melbourne.
Quando desembarcou na Austrália para o evento de caráter preparatório para esta temporada, o recordista mundial dos 100m e dos 200m não escondeu que ficou decepcionado com a cassação da medalha, mais de oito anos depois de conquistá-la na pista, então com a equipe jamaicana cravando o recorde do mundo do 4x100m com o tempo de 37s10. Entretanto, Bolt evitou ficar lamentando o episódio e também não criticou Carter, enfatizando que agora é a hora de apenas “esperar para ver o que vai acontecer” após o julgamento da apelação contra a punição.
Presente em Melbourne para fazer parte da equipe de Bolt no evento, Powell qualificou a perda desta medalha olímpica como “muito lamentável”, mas também evitou ficar julgando Carter, até pelo fato de que ele próprio já cumpriu seis meses de suspensão, em 2013, por também ter sido reprovado em um teste antidoping. Naquela ocasião na Austrália, os dois velocistas também se recusaram a comentar se Carter deveria receber uma punição por doping.
Caso o velocista tenha sucesso em seu recurso contra a punição, Bolt poderá recuperar este ouro olímpico e voltar a ter o status de três vezes tricampeão olímpico, após ter subido ao topo do pódio em três provas em Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016.