Em ano de pandemia, ouro, euro e dólar têm maior ganho; Bolsa fecha no azul

Num ano em que a pandemia do novo coronavírus assombrou o mundo, derrubou os mercados e enfraqueceu as economias globais, o ouro – considerado um porto seguro para momentos de turbulência no mercado – liderou o ranking dos investimentos de 2020 no País, com valorização de 55,93%. O ativo foi acompanhado pelo euro e o dólar, que renderam 41,95% e 29,34%, respectivamente. A tradicional caderneta de poupança ficou na lanterninha do ranking, com ganho de apenas 2,12% no ano, segundo cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo.

O Ibovespa, principal índice da B3, por pouco não terminou como a pior aplicação de 2020, num cenário completamente contrário ao do início do ano. Em janeiro, o mercado acionário era visto como uma das principais alternativas de investimentos por causa do intenso movimento de diversificação de portfólio do brasileiro. Com os juros em queda, era preciso migrar da renda fixa para ativos de maior risco, como a Bolsa.

Mas a pandemia pegou o investidor local no contrapé, no meio dessa migração. Por várias vezes, a Bolsa teve de acionar o chamado circuit breaker, um mecanismo que paralisa as operações quando o Ibovespa cai mais de 10% no dia. "Passamos março, abril e maio em pânico, com uma forte pressão sobre câmbio e Bolsa, e os investidores correndo para ativos mais seguros", diz o economista da Tendências Consultoria Integrada, Silvio Campos Neto.

Segundo ele, conforme os auxílios emergenciais foram sendo anunciados mundo afora, esse pânico foi sendo dissipado. "Esses pacotes foram fundamentais para dar suporte às economias e ajudaram na retomada dos ativos de risco." Mas foi apenas no último trimestre que o Ibovespa conseguiu ter mais fôlego para sair do terreno negativo e recuperar as perdas do ano.

Com o início da vacinação em alguns países, o investidor estrangeiro se sentiu um pouco mais confortável para voltar aos países emergentes. De novembro até a semana passada, o saldo foi positivo em cerca de R$ 43 bilhões. Nesse cenário, a Bolsa brasileira fechou o pregão da quarta-feira, 30, com alta de 2,92% no ano, em 119.017 pontos, depois de esbarrar na máxima histórica de 119.527 pontos de janeiro.

<b>Local e estrangeiro</b>

Em dólar, no entanto, o Ibovespa continua negativo em 20%, depois de recuar mais de 57%, o que pode atrair ainda mais a atenção do investidor estrangeiro. Mas, na avaliação de economistas, em 2021, o investidor local também deverá voltar a apostar na renda variável.

"A temática do início do ano continua", diz o sócio e gestor da Neo Investimentos, Mario Schalch. Ele se refere à migração do investidor da renda fixa para renda variável.

Segundo o gestor, a busca por ativos de risco aumentou nos últimos meses ao mesmo tempo em que as taxas de juros no longo prazo caíram. Em novembro, as taxas para 2023 e 2024 estavam próximas de 9%. Agora, já estão em 7,3%.

Atualmente, a taxa Selic está em 2% ao ano. A expectativa é que ela possa subir um pouco no ano que vem, mas ainda assim haverá necessidade de buscar outras formas de aplicação se o investidor quiser um retorno maior.

Em 2020, os investimentos ligados aos juros ficaram na lanterna. Os fundos DI, considerados mais conservadores e que acompanham de perto a taxa básica de juros, ficaram na penúltima colocação do ranking, com um ganho médio de 2,31%; e os de renda fixa, 2,37%.

Mas, segundo Fabio Colombo, as aplicações atreladas ao juros tiveram perdas reais (quando descontada a inflação) de até 2,5% em 2020. Quem investiu na poupança, por exemplo, viu o dinheiro perder 2,2% do poder de compra.

<b>Câmbio</b>

O IGP-M, que refletiu o avanço do dólar no período, subiu 23,14%. A desvalorização do real frente à moeda americana ficou acima da de outras moedas emergentes e deixou o Brasil barato em dólar, diz o gestor da ACE Capital, Maiko Carvalho.

A moeda americana terminou o último pregão do ano cotada em R$ 5,18. Para ele, esse ano foi um exemplo da necessidade de ter um portfólio diversificado (para reduzir as perdas). Na avaliação dele, as perspectivas para 2021 são positivas.

Na Bolsa, ele conta que há um movimento de saída de ações de tecnologia, que ganharam com a quarentena, para empresas tradicionais – que sentiram mais os efeitos do isolamento. Essas empresas têm peso grande no Ibovespa. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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