A Corregedoria da Polícia Civil apurou que o delegado José Mário Toniato, da Ciretran de São Manuel (SP), recebia na caixa de correio as propinas pagas por empresas encarregadas de fazer vistorias nos veículos da cidade.
O delegado foi preso na última sexta-feira, 25 por corrupção passiva por determinação do juiz da 1ª Vara Criminal de São Manuel, Josias Martins de Almeida Júnior. O juiz entendeu que o delegado poderia coagir testemunhas.
De acordo com denúncias e depoimentos de testemunhas, o delegado cobrava uma taxa de R$ 10,00 para cada veículo vistoriado. A cobrança teria ocorrido entre 2011 e 2013 em duas empresas autorizadas a prestar o serviço. Em média, cerca de 500 vistorias eram realizadas por mês na cidade.
Segundo as denúncias, primeira a cobrança era feita dentro da própria delegacia, mas depois, por segurança, o pagamento passou a ser feito em envelopes deixados na caixa de correspondência da casa do delegado. Se a propina não fosse paga, o delegado ameaçava dificultar a liberação dos documentos dos carros.
A Corregedoria investigava o caso desde setembro do ano passado, quando Toniato foi afastado do cargo. Durante as investigações, foram apreendidos materiais e documentos em uma das empresas envolvidas. Entre os documentos, estavam recibos de pagamento de parcelas de financiamento de dois carros do delegado, que teve quebrado o sigilo bancário e telefônico.
Nesta terça-feira, 29, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou pedido de liminar de habeas corpus para Toniato. A advogada Lélia Leme Sogayar, que o defende, disse que a prisão de seu cliente foi “arbitrária, sem necessidade”. Ela disse esperar o julgamento do mérito do habeas corpus e que não faria mais comentários sobre o caso a pedido da família.