Analistas internacionais avaliam que Marina Silva deverá ser a nova candidata do PSB à Presidência e que esse novo cenário levará o pleito ao segundo turno, com a ex-ministra conquistando parte dos votos em branco e nulo e dos indecisos. Para os analistas, o mercado brasileiro deve permanecer volátil até que haja uma definição sobre a candidatura, mas cresce a incerteza sobre quem desafiaria a presidente Dilma Rousseff em um segundo turno.
Para o Bank of America Merrill Lynch, se Marina não for a candidata escolhida pelo PSB, as chances de um segundo turno diminuem. O banco lembra que a última pesquisa eleitoral com a presença da ex-ministra, em abril, mostrou que ela tinha 27% das intenções de voto, contra 16% de Aécio Neves (PSDB). “Uma das dúvidas é como os votos de Eduardo Campos no Nordeste vão se comportar. Eles podem ir para Marina ou para Dilma”, avaliam os analistas da instituição, em relatório.
O banco, que caracteriza Campos no documento como um “político extraordinário”, destaca ainda que, apesar de uma probabilidade maior de segundo turno, a visão de que seria Aécio a enfrentar Dilma ficou incerta.
Pesquisadores do Goldman Sachs avaliam que a “corrida presidencial pode começar do zero” e que, neste momento, as implicações do falecimento de Campos no pleito ainda são desconhecidas. Para o banco, Marina pode conquistar os eleitores ainda indecisos, principalmente os jovens que vivem nas grandes cidades e os desanimados com a política tradicional. “No geral, a notícia aumenta a chance de um segundo turno e reduz a até então alta probabilidade de que Aécio seria o candidato da oposição a enfrentar Dilma nessa segunda fase”, afirma.
Já o Brown Brothers Harriman (BBH) aponta que o ocorrido vai distrair as atenções das campanhas oficiais, o que é positivo para Dilma, mas negativo para Aécio, que precisa aumentar sua visibilidade. Para os analistas do banco, Marina tem chances bem maiores de chegar ao segundo turno do que Campos e, neste cenário, ela pode ter uma “chance real” de vencer Dilma, inclusive maior do que Aécio. O BBH avalia que, em um segundo turno com Marina, ela receberia os votos dos eleitores de Aécio, mas que o contrário não é necessariamente verdadeiro.
Mercado
A maioria dos analistas prevê volatilidade no mercado brasileiro, pelo menos até que o PSB defina seus candidatos e as próximas pesquisas mostrem o impacto do novo cenário nos votos. Um ponto de divergência, porém, é em relação a como seriam as políticas de Marina em relação à economia.
Para o BofA Merrill Lynch, Marina deve manter as medidas pró-mercado da campanha de Campos. “Os investidores vão focar em qualquer notícia relacionada ao seu programa econômico”, diz o banco. Já os analistas do Goldman Sachs acreditam que Marina deve buscar uma política menos amigável ao mercado do que Campos e destaca que ela enfrenta oposição significativa de diversos setores, principalmente do agronegócio. “Suas habilidades políticas são amplamente vistas como fracas, de certa forma”, afirmam.
O HSBC, em relatório, levanta ainda a questão da Petrobras. “Mesmo escrevendo em um tom respeitoso e de luto, é impossível ignorar o impacto potencial disso em uma estatal como a Petrobras”, escreveram os analistas do banco. Segundo eles, com base nas últimas pesquisas eleitorais, ainda é incerto como o pleito afetará a abordagem do governo em relação à companhia. “Acreditamos que o mercado está precificando em excesso uma expectativa positiva”, alertam.