Depois de mostrar a imagem do ex-candidato a presidente da República Eduardo Campos em seu programa na estreia da propaganda eleitoral da televisão na tarde desta quarta-feira, o candidato do PTB ao governo de Pernambuco, Armando Monteiro Neto (coligação Pernambuco Vai Mais Longe), teve de suprimir as mesmas imagens no programa da noite. A família de Campos conseguiu, na justiça eleitoral, impedir o uso da voz e imagem do ex-governador por campanhas rivais. Monteiro Neto é adversário do candidato Paulo Câmara (PSB) – afilhado político do ex-governador pernambucano morto em um acidente aéreo no dia 13.
Ainda vivo, Eduardo Campos já havia entrado com recurso na justiça eleitoral visando a impedir o uso da sua imagem por adversários em Pernambuco. Depois da sua morte, a viúva Renata Campos e os filhos maiores impetraram ação cautelar neste sentido, mas o pedido de liminar foi rejeitado – e seu uso liberado. A família deu entrada, então, a um mandado de segurança com pedido de liminar ontem. O desembargador do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), Alexandre Hermes Renato, concedeu hoje a liminar, proibindo a veiculação de imagens do político. Como não houve tempo para modificar o vídeo, as imagens foram veiculadas à tarde, mas suprimidas à noite.
“Proibir o uso da figura pública de ex-governador é retornar ao AI-5”, protestou o advogado da coligação Pernambuco Vai Mais Longe, Walber Agra, ao se referir ao Ato Institucional número 5, que suprimiu direitos constitucionais durante a ditadura militar. “É a primeira vez que uma homenagem sofre uma censura prévia”. Ele destacou que o programa não denegriu nem apresentou inverdades e confia que ainda hoje (21) a proibição será suspensa. Para Agra, a decisão do desembargador foi “monocrática” e será derrubada pelo plenário do TRE-PE que irá julgar o pedido dos Campos nesta quinta-feira (21).
Monteiro Neto usou seus quase cinco minutos em um depoimento sobre Campos mostrando os dois abraçados e também dos dois com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Ex-aliado, Monteiro Neto foi eleito senador em 2010 coligado a Campos, que teve ampla aprovação popular ao seu governo. “Nos respeitamos mesmo quando assumimos posições políticas divergentes como agora”, disse ele, no programa, ao reconhecer que o governo do socialista – dois mandatos – é referência para Pernambuco e “mais um desafio que se impõe a todos os candidatos que pleiteiam governar Pernambuco”.
Candidato da coligação da Frente Popular de Pernambuco, que reúne 21 partidos, Paulo Câmara, ex-secretário de Fazenda no governo Campos, é desconhecido do eleitorado. Está em posição desfavorável nas pesquisas (a última divulgada lhe deu 13% contra 47% de Monteiro Neto). Renata Campos já anunciou que irá “trabalhar por dois” para honrar o projeto do marido, no que terá o apoio do PSB nacional. O presidente nacional do partido, Roberto Amaral, disse que a campanha em Pernambuco é prioridade.