A Barbearia do Pedro, no Complexo de Manguinhos, a banda Los Chivitos, do Complexo da Maré, ambos na zona norte do Rio, e a Escola de Surf da Rocinha, na zona sul, agora integram o Guia Cultural de Favelas. Coordenado pelo Observatório de Favelas, o guia é um mapa interativo, multimídia e colaborativo com 50 pontos culturais de seis favelas pacificadas do Rio: Manguinhos, Alemão, Penha e Maré, na zona norte; Rocinha, na zona sul; e Cidade de Deus, na zona oeste.
Para o guia, locais de teatro, dança, música e gastronomia foram escolhidos por 40 jovens moradores das favelas que fizeram cursos de capacitação cultural no Programa Favela Criativa, patrocinado por uma parceria público privada. Foram esses jovens também que produziram todo o material multimídia (vídeos, fotos e textos) que compõem o mapa.
“Queremos dar visibilidade para as atividades culturais, para o que há de interessante nas favelas”, explicou a produtora do Guia Cultural de Favelas, Clara Sacco. Lançado nesta sexta-feira, 29, em versão online (www.guiaculturaldefavelas.org.br), em setembro o guia também estará disponível em aplicativos para celulares e tablets. A ideia é que, em breve, o mapa tenha pontos culturais de todas as favelas cariocas por meio da colaboração dos próprios moradores.
Entre os pontos culturais mapeados, Clara destaca a Barbearia do Pedro que organiza “batalhas de navalhas”: vários barbeiros se reúnem na rua e disputam a melhor arte em um corte de cabelo. “A favela também tem diversas atividades que acontecem em qualquer outro lugar. A divisão entre favela e asfalto está mais no imaginário sectarizado do que acontece de fato”.
Incluído no mapa, o Yakissoba de Elite era um trailer de comida chinesa e hoje é um ponto gastronômico e cultural de Manguinhos. Para se diferenciar da concorrência e atrair o público, Kaio Victor Max, de 26 anos, realiza sessões de cinema nos fins de semana. “Meu quiosque propõe uma diversidade de entretenimento culinário e cultural. Com o tempo vamos sendo reconhecidos”, disse.
A moradora do Complexo do Alemão Nathalia Menezes, de 26 anos, é uma das jovens que participou da elaboração do Guia. Entre os pontos mapeados, ela destaca o Foto Clube Alemão, que promove encontros fotográficos todos os sábados pelas 15 favelas do complexo para registrar o cotidiano dos moradores.
Mesmo com as Unidades de Polícia Pacificadoras, ela destaca que as favelas não estão mais seguras e que constantemente há tiroteios. “Durante muito tempo, o Alemão foi conhecido como um dos lugares mais perigosos do Rio. O Guia é importante por dar visibilidade para as atividades, talentos e agentes culturais e fortalecer o que há de melhor em todas as favelas”.