Abre ao público pela primeira vez às 10h deste sábado, 30, o sexto ramal do Metrô de São Paulo. Em forma de monotrilho, a Linha 15-Prata funcionará, inicialmente, apenas no trecho de 2,9 km entre as Estações Vila Prudente e Oratório, na zona leste.
Com isso, o sistema metroviário paulista atinge a marca de 78,4 km de extensão e 67 paradas – ainda acanhado para o porte da metrópole de 11 milhões de pessoas. Na tarde desta sexta-feira, 29, o jornal O Estado de S. Paulo fez o percurso, que dura cerca de quatro minutos. Chamou a atenção da reportagem a trepidação da composição, bem maior do que nas outras linhas.
“Ele com carga, com peso, diminui um pouco o balanço. Precisa de um lastro para ele firmar um pouco”, afirmou um técnico do Metrô que acompanhou a viagem e que preferiu não se identificar.
Em janeiro, durante uma viagem de apresentação do monotrilho, entre a Estação Oratório e o pátio de manutenção dos trens, essa tremedeira fora do convencional já havia sido notada. Naquela época, o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, atribuiu o treme-treme ao fato de a composição ter passado por um “trecho não comercial”, ou seja, por um trajeto pelo qual os passageiros não circularão.
Fernandes também havia dito que “em situação de reta e (em velocidade) mais próxima dos 60 km/h, que será a velocidade normal” o monotrilho não trepidaria tanto. Naquela ocasião, o trem circulara a uma velocidade máxima de 20 km/h. O secretário não acompanhou a viagem que a reportagem fez nesta sexta-feira e, portanto, não foi encontrado para comentar a trepidação.
Bancos
Outro aspecto que impacta a vista de quem entra no monotrilho é a quantidade de assentos à disposição dos passageiros. Há bem menos bancos nos vagões desse sistema do que nos de metrô comum. Cada composição da Linha 15-Prata possui 120 bancos. Os trens de metrô convencional da frota K, que roda nas Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, têm 264 bancos cada um. Nos anos 1980, a frota C da Linha 3 disponibilizava 368 bancos por trem.
Embora seja o maior monotrilho do mundo em capacidade, cada trem da Linha 15 só poderá levar pouco mais do que mil pessoas por viagem, metade do que os outros trens do Metrô. Esse é um dos pontos mais criticados por urbanistas e especialistas em transportes, já que o ramal, quando pronto, atenderá áreas populosas carentes de meios de mobilidade de alta capacidade, como São Mateus, Sapopemba e Cidade Tiradentes, todos bairros na zona leste.
Atrasos
Inicialmente, o trecho, cuja construção se iniciou em 2010, era previsto para ser entregue em 2012. Depois, o prazo passou para 2013. No fim do ano passado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, prometeu entregar o percurso em janeiro, o que não se concretizou.
Outras datas prometidas pelo governo foram março, maio, junho, julho e o dia 23 de agosto. A estação, a pouco mais de um mês do primeiro turno das eleições, agora abre ao público. Contudo, nas primeiras semanas, o trecho só funcionará aos sábados e domingos e das 10h às 15h. As viagens serão gratuitas.
“Tira quase 500 carros da rua, cada monotrilho”, afirmou Alckmin na tarde desta sexta. “E já estamos em obra até São Mateus.” O secretário Jurandir Fernandes destacou que os trens, fabricados pela canadense Bombardier, gastam menos energia por passageiro transportado do que os primeiros modelos de monotrilho.
Cinco dos 54 trens que operarão no ramal já foram entregues pela multinacional. A Linha 15, pelos dados iniciais, estará completa em 2016, com 26,6 km de comprimento e 18 estações. Ela custará R$ 6,4 bilhões para ser construída.