Em entrevista ao Estado, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que, em um ano, o programa Mais Médicos foi capaz de reestruturar o sistema de atenção básica brasileiro. E deu como quase certa a prorrogação do contrato dos profissionais do programa até 2019.
Quais os principais avanços e o que precisa ser melhorado?
O principal avanço é ter garantido, pela primeira vez, desde que o SUS foi criado, atenção básica para toda a população brasileira.
E os principais desafios?
É dar continuidade à tarefa de garantir a infraestrutura adequada na atenção básica. Estamos fazendo reforma, construção e ampliação de 26 mil unidades básicas, 7.179 estão prontas, 13.046 estão em obras e 5.775 estão em licitação.
A maior reclamação, inclusive de médicos que atuam não programa, é a questão do atendimento de média e alta complexidade. Existe algum projeto para tentar driblar essa questão?
É a tarefa principal a que nós estamos debruçados agora.
Existe a possibilidade de trazer médicos estrangeiros para os serviços de especialidades?
A princípio, não.
E como ficará a atenção básica ao final dos três anos do contrato? Não haverá tempo para formar 14 mil brasileiros…
A formação demora, mas o programa Mais Médicos não é paliativo nem tem prazo de validade. A lei permite que o médico que participe do programa renove a sua bolsa por mais um período de três anos.
Então é quase certa a renovação desses contratos?
Se o profissional desejar.
Mesmo que não queiram ficar, não seriam abertos editais?
Isso, mas sempre dando prioridade para médicos brasileiros. Eu não sei se o Brasil, olhando daqui a 20, 30 anos, para colocar médico no interior da floresta, vai precisar abrir para trazer alguém de fora, mas pelo menos a gente venceu esse preconceito.
Será possível retomar o diálogo do governo com as entidades médicas, que ainda criticam o programa?
Essas são reações de lideranças corporativas. Nós estamos sempre dispostos a dialogar. Não temos conversado sobre o Mais Médicos, mas temos retomado o diálogo e acho que quem perde são as entidades médicas de ficarem apartadas do debate sobre os rumos da saúde no País. Agora é importante frisar: nenhum médico estrangeiro ocupou um posto de trabalho de um médico brasileiro, até porque foram cinco ciclos de chamamento. Sempre as vagas foram primeiro ofertadas para os médicos brasileiros. Em segundo lugar, quando eu converso com os profissionais que estavam segurando as pontas nos postos de saúde sozinhos, eles elogiam muito esses colegas do Mais Médicos.
O senhor acha que quem critica o programa não tem vivência prática do SUS?
Mais do que não ter vivência, não tem compromisso histórico com o SUS.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.