O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta sexta-feira, 5, que a reunião com lideranças do partido discutiu a conjuntura política do País e disse que o debate político “se fará no confronto do nosso projeto com o projeto dos adversários”. Falcão fez duras críticas ao projeto político da oposicionista Marina Silva (PSB) e disse que ele é “ortodoxo do ponto de vista da economia”. “É um projeto antipopular, antinacional, ortodoxo do ponto de vista da economia, conservador do ponto de vista dos direitos individuais, regressivo do ponto de vista da reforma política e prejudicial aos trabalhadores”, afirmou.
O petista voltou a rebater a proposta de Marina de autonomia do Banco Central (BC) e disse que ela retira “das pessoas que são eleitas pelo povo a formulação da política econômica”. Segundo ele, a proposta adversária provavelmente será formulada por “um representante do sistema financeiro”, disse, citando a presença da herdeira do Itaú, Neca Setúbal, na coordenação do programa de Marina.
Falcão fez também uma ampla defesa dos bancos públicos – BNDES, Caixa e Banco do Brasil – no papel de fomento para as políticas públicas e disse que retirar dessas instituições o papel prioritário que eles têm hoje é um risco. “Dar maior prioridade para bancos privados contrasta com nosso programa e é mais coerente com programas dos bancos”, disse.
Segundo ele, enfraquecer a Caixa e o BB “pode mais tarde abrir campo para a privatização dessas instituições”. “Não estamos inventando isso. Quando FHC era presidente os acordos com o FMI tinham uma das cláusulas de condicionalidade a privatização dos bancos públicos”, afirmou. “Não está descartado que isso possa vir ocorrer se não discutirmos com a população que isso é um risco.”
O presidente do PT afirmou ainda que a privatização pode ocorrer inclusive com a Petrobras. “Vamos lembrar que não faz tanto tempo assim houve uma proposta de vender a Petrobras”, disse. Falcão afirmou que propostas que substituam o regime de partilha de petróleo e que destine quase metade da empresa às concessões “fortalecem as petroleiras e enfraquecem a Petrobras. “E empresa que se debilita, que passa a operar em condições desfavoráveis na competição, o passo seguinte é vender”, afirmou.