Acusada de “plagiadora” pelos adversários na corrida presidencial, os integrantes da campanha da candidata do PSB, Marina Silva, afirmaram nesta sexta-feira, 5, que não vão mudar o programa de governo exatamente uma semana após ter sido apresentado. O texto, que já passou por duas “erratas” um dia após ter sido divulgado, tem sido alvejado pelas candidaturas do tucano Aécio Neves e da petista Dilma Rousseff por se valer de informações já utilizadas anteriormente. Ambos os lados querem desgastar por meio do programa a candidatura de Marina, que, com estardalhaço, disse ter feito uma consulta à sociedade.
Nesta sexta-feira, 5, um site do PT acusou o programa de copiar propostas de Lula na época de sua reeleição. O texto, publicado na página Muda Mais, criada pelo partido para defender um novo mandato da presidente Dilma Rousseff, chama Marina de “candidata ctrl C + ctrl V”, expressão usada na informática para designar que algo foi copiado e colado.
Na quinta, 4, o mesmo site já havia divulgado que o programa da candidata do PSB para a área de energia de ser um “plágio” de um artigo publicado em 2011 pela Revista USP (Universidade de São Paulo). Em artigo publicado na quarta-feira, 3, com o título “Padrão Copia e Cola”, o PSDB afirma que o documento “está recheado de contradições, convicções que mais parecem de cristãos novos e até plágios”. Ao final, os tucanos fazem uma crítica dura à Marina. “O Brasil não é para amadores, nem para quem copia e cola para tentar passar no teste das urnas.”
Neca Setúbal, uma das responsáveis pelo programa de governo da candidata à Presidência da República Marina Silva (PSB), disse que a campanha não fará revisão das propostas apresentadas no documento. Apesar das acusações de plágio, a coordenadora nega que a candidatura tenha copiado outras propostas e considera as críticas inconsistentes. “O programa traz conquistas da sociedade. Não vamos mudar nenhuma linha disso”, declarou.
Aliada de Marina desde a campanha presidencial de 2010 pelo PV, Neca afirmou que o objetivo do programa de governo do PSB é manter e incorporar conquistas da sociedade e que não há motivo para revisar o documento lançado há uma semana. “Nós assumimos todas as propostas”, enfatizou.
A coordenadora avalia que os adversários fazem “crítica pela crítica” porque não apresentaram um programa de governo e ironiza os petistas, que estão promovendo um “pente fino” no programa de Marina. “Pela primeira vez todo mundo está lendo um programa em detalhe”, considerou. “Estamos fazendo as outras candidaturas se mexerem”, concordou Bazileu Margarido, um dos responsáveis pelo comitê financeiro da candidatura.
O discurso geral na campanha do PSB é que o programa de governo reconhece os avanços de políticas públicas dos governos de Fernando Henrique Cardoso – como o Programa Nacional de Direitos Humanos – e de Luiz Inácio Lula da Silva – que pregou a ampliação do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Os aliados de Marina rechaçam a afirmação de que a candidata fez “CTRL C + CTRL V”, dizem que o documento absorveu demandas sociais e reafirmam que as menções não são “cópias de teses acadêmicas”. “São documentos públicos, políticas públicas que sempre fizemos questão de reafirmar”, afirmou Bazileu. O uso no programa de governo de trecho do discurso de Marina feito há quatro anos em Nova York é classificado como natural pelo apoiador. “É óbvio (que podemos usar o discurso). Mostra que ela mantém as mesmas posições que tinha antes”, concluiu.
O secretário nacional de Organização do PPL, Miguel Manso, afirmou que não há motivos para reescrever as propostas incorporadas pelo programa. “O programa está incorporando ideias. Por que vamos inventar outra forma de escrever?”, afirmou.
Os partidos da coligação negam preocupação com a possibilidade de Marina “desidratar” nas pesquisas de intenção de voto em virtude dos ataques adversários acusando-a de plagiadora. “Vocês vão achar coisinhas ali e aqui, mas são conquistas da sociedade. Eles (adversários) não têm nenhuma propriedade sobre isso (demandas sociais)”, reforçou Neca.
Os aliados avaliam que as chances reais de vencer a sucessão a torna alvo preferencial de petistas e tucanos. “É coisa de quem está completamente desesperado”, disse a coordenadora. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), criticou a estratégia dos tucanos. “Isso é um erro. Nós temos um adversário comum e o PSDB está fazendo o jogo do PT de desconstruir Marina”, completou.