O deputado Delegado Cavalcante (PSL) está na mira do Ministério Público do Ceará em uma investigação sobre uso de funcionários, no horário do expediente, para colher assinaturas endereçadas ao "Aliança pelo Brasil", partido que o presidente Jair Bolsonaro quer tirar do papel. A 24ª Promotoria de Justiça de Fortaleza informou que também deverá chamar o deputado André Fernandes (PSL) para prestar esclarecimentos.
Fernandes é um fenômeno da política e da internet. Eleito deputado aos 20 anos, ele se tornou célebre no YouTube, plataforma na qual tentou, primeiro, enveredar pelo ramo do humor. Não deu certo. Mudou a chave para a política, começou a incensar o então pré-candidato Bolsonaro e virou um dos mais influentes bolsonaristas na internet.
No início deste mês, ele comeu um cachorro-quente com o presidente, no Palácio da Alvorada. O cearense também tem canal aberto com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Logo que foi eleito, Fernandes empregou no gabinete militantes para administrar páginas com conteúdos problemáticos. Um deles é Inspetor Alberto, que deixou o cargo em janeiro para, mais uma vez, tentar virar vereador.
O Judiciário está na mira de Alberto faz tempo. No fim de 2019, a Justiça determinou que fosse retirado do ar um vídeo no qual ele aparecia descarregando uma arma num retrato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alberto costuma movimentar as redes sociais alegando, por exemplo, que o governo do Ceará obriga a polícia "a coagir pessoas que usarem a bandeira do Brasil". O inspetor já participou de eventos na sede do governo e de encontros com Bolsonaro ao lado de Tancredo dos Santos, outro assessor de André Fernandes. Fã de Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, e ativo militante virtual, Tancredo já usou as redes para lançar suspeitas sobre o Supremo Tribunal Federal ao escrever que "o maior esquema de corrupção" da História no Brasil seria "em breve revelado". "Nunca foi tão fácil advogar para o crime, muito dinheiro está em jogo, STF irá cair", postou ele.