A urna eletrônica chegará à ilha oceânica da Caçacoeira – a seis horas de lancha, ao largo do litoral do Maranhão – na manhã de quinta-feira. Será levada até lá por um time da Marinha, parte dos 30 mil militares mobilizados para dar garantia de preservação da lei e da ordem, além de oferecer apoio logístico, durante o ciclo eleitoral. Até ontem, o atendimento atingia 295 municípios de 12 Estados.
Atender os cerca de 500 eleitores da ilha não é o maior desafio: a missão mais complexa talvez seja a de chegar “aos fundos do Brasil”, diz um oficial da Aeronáutica, lembrando a empreitada de transportar computadores, geradores portáteis, funcionários e, claro, as máquinas eletrônicas, até pontos da Amazônia em 2012. “Para chegar à comunidade de um certo igarapé, foi necessário usar duas aeronaves de dois tipos, e depois uma lancha transportada a bordo de um dos aviões”, conta. “Na volta, levamos até Belém uma criança gravemente doente – uma a aventura”, lembra o aviador.
Na outra ponta desse processo, há recursos de alta tecnologia, em uso nesse tipo de operação pela primeira vez. O Estado Maior Conjunto da Defesa, chefiado pelo general José Carlos De Nardi, receberá as informações de todas as regiões no Centro de Operações Conjuntas no prédio da Defesa, em Brasília. Ali perto, o Tribunal Superior Eleitoral terá acesso em tempo real aos dados por meio do Centro Integrado de Controle e Comando. É parte do legado da Copa do Mundo. O salão, tomado por terminais de vídeo de cristal líquido, computadores e dispositivos de sensoriamento, permite “tomar o pulso do País a qualquer momento”, explica o general De Nardi. A rede de ligações emprega satélites e sistemas de fibra ótica. Há ao menos 12 centros regionais distribuídos por Estados como Rio e São Paulo.
O contingente estimado em até 30 mil militares, da Marinha, Exército e Aeronáutica, contempla também o efetivo de 2,5 mil combatentes que atua no Complexo da Maré, comunidade do Rio ocupada pelas Forças Armadas e pela polícia há cinco meses. O apoio logístico será necessário em 88 locais no Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Mato Grosso do Sul. A ação GLO, da garantia da lei e da ordem, é exigida em 207 cidades no Rio, Maranhão, Tocantins, Piauí, Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Norte. O trabalho implica uma frota de aeronaves de transporte, entre as quais helicópteros, embarcações leves e médias, caminhões e veículos leves.
Ontem à tarde, fontes da Aeronáutica admitiam a possibilidade de – em caso grave, como o risco de violência – a Força Aérea ativar os seus drones, aviões sem piloto, para uma discreta vigilância das áreas consideradas de risco ou tensão. O olho eletrônico do equipamento pode observar tudo em um raio de 250 quilômetros e a 5,5 mil metros. A princípio, permanece no ar durante nove horas. Se necessário, pode estender esse tempo até 16 horas ininterruptas.
À noite não é um problema: o Veículo Aéreo Não Tripulado, o Vant, da Força Aérea Brasileira (FAB), utiliza sistemas eletrônicos de visão noturna que permitem captar imagens em ambientes sem luz, mesmo em dias chuvosos, de neblina intensa, ou debaixo da copa das árvores. O principal drone brasileiro veio de Israel.
É um Hermes-450 fabricado pela Elbit Systems. O Esquadrão Horus mantém quatro dessas aeronaves. Podem ser deslocados, discretamente e em poucas horas, para qualquer ponto do território nacional.
Os Vants da FAB não levam armas. A autonomia permite que apenas duas aeronaves atuem ininterruptamente sobre uma determinada área. Com 10,5 metros de envergadura e 6,1 m de comprimento, os Vants são pintados de cinza claro como recurso de camuflagem. São silenciosos. O RQ-450 é comandado por uma dupla de oficiais que permanece em uma cabine no solo, eventualmente instalada a quilômetros de distância da zona de verificação, com monitores digitais e instrumentos de controle – joysticks, mouse, teclados. Não são as máquinas de reconhecimento mais novas do arsenal. Em marco, o Comando da Aeronáutica anunciou a aquisição de um modelo H-900, avaliado em US$ 8 milhões, para o trabalho na Copa. Pode voar até 36 horas a 9 mil metros. Maior e com mais recursos eletrônicos, é do mesmo tipo aplicado por Israel sobre a Faixa de Gaza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.