Bolsas da Europa fecham em queda com indicadores fracos e temor com coronavírus

As bolsas da Europa fecharam na maioria em queda, nesta sexta-feira, 31, com exceção de Lisboa, que ficou em território positivo após oscilar. O quadro negativo se produziu em meio a notícias do avanço do novo tipo de coronavírus, agora em 22 países além da China. Notícias sobre restrições de voos para destinos chineses também influenciaram no movimento de cautela, com temor dos impactos para a economia global. A divulgação de indicadores locais, como o PIB e a inflação da zona do euro, ampliaram o mau humor dos investidores. No Reino Unido, o dia é marcado pela concretização do Brexit, a saída britânica do bloco europeu. Os discursos de autoridades, como do primeiro-ministro Boris Johnson, ficam no radar.

O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou o dia em queda de 1,07%, a 410,71 pontos, apresentando queda semanal de 3,05%.

Hoje, o Reino Unido relatou seus dois primeiros casos de coronavírus, depois da Itália também ter entrado para a lista de nações com registro do vírus, na noite anterior. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, encerrou o dia em queda de 1,30%, a 7.286,01 pontos, com queda semanal de 3,95%. As ações da Antofagasta caíram 3,84% e as do Barclays se desvalorizaram 2,04%.

A disseminação do coronavírus e as respostas de governos e instituições continuam conduzindo os mercados. Hoje, a Delta Airlines se uniu a concorrentes como Lufthansa, British Airways e American Airlines, Iberia e Air Canada, que suspenderam voos para a China, engrossando a lista de restrições de viagens que incluem nações como Canadá e Israel. Na Itália, o governo já declarou estado de emergência por conta do surto.

A Capital Economics avalia que "os esforços para conter o coronavírus farão com que o crescimento do PIB na China e na Ásia diminua acentuadamente no primeiro trimestre de 2020". "Ainda esperamos que a ruptura nos mercados e na economia devido ao coronavírus seja temporária. Mas, dada a posição de destaque da China nas cadeias de suprimentos globais e nas avaliações de alguns ativos financeiros, poderia haver uma queda econômica global, caso o fechamento de fábricas se estenda ainda mais, aprofundando queda nas vendas na China", avalia a instituição em relatório enviado a clientes.

Para além do pessimismo com o coronavírus, as bolsas do Velho Continente foram pressionadas por dados locais considerados frustrantes. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 0,1% no quarto trimestre de 2019 ante o terceiro, abaixo da expectativa de alta de 0,2%. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região subiu 1,4% em janeiro, na comparação anual, como esperado.

Na Itália, o PIB caiu 0,3% no mesmo intervalo, enquanto analistas esperavam estabilidade. O índice FTSE MIB recuou 2,29%, a 23.237,03 pontos, com queda semanal de 3,05%.

O índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou em queda de 1,33%, com 12.981,97 pontos, com forte queda semanal de 4,38%. Em Paris, o índice CAC 40 registrou baixa de 1,11%, a 5.806,34 pontos, com queda de 3,62% na semana. O PIB da França recuou 0,1% no quarto trimestre de 2019 ante o anterior, contrariando a previsão de alta de 0,2% dos analistas. O Rabobank espera reação na economia francesa no segundo trimestre, mas vê risco de recessão técnica na Itália.

O índice Ibex 35, de Madri, caiu 1,16%, a 9.367,90 pontos, com queda semanal de 2,03%. Na contramão das demais bolsas europeias, o PSI 20, de Lisboa, fechou em alta de 0,12%, em 5.252,03 pontos. Na comparação semanal, de qualquer modo, houve queda de 0,65% na praça portuguesa.

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