A Prefeitura de São Paulo quer colocar nas ruas da capital ao menos dois mil homens da Guarda Civil Metropolitana (GCM) equipados com bafômetros para fiscalizar, multar e apreender motoristas que dirigem alcoolizados.
Esse número pode chegar a quatro mil guardas, que serão capacitados para atuar no trânsito. A GCM poderá, inclusive, montar as suas próprias blitze. O prefeito Fernando Haddad (PT) enviou uma minuta ao governo do Estado para elaborar convênio com a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Caso haja o entendimento com a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), a Prefeitura quer começar o trabalho com os “campeões de infração” para dar o exemplo aos demais motoristas irregulares. Metade das infrações de trânsito é cometida por 5% dos condutores em São Paulo, que representam 300 mil. O primeiro alvo da Prefeitura são os condutores que lideram as infrações, com pelo menos 100 multas em aberto, entre desrespeito ao rodízio, ao limite de velocidade e aos locais de estacionamento proibido.
“Acho indigno que um motorista com 200, 300 multas em aberto, com o carro não licenciado, continue atuando na cidade como se nada acontecesse. Os exemplos precisam ser coibidos e inclusive mostrados”, afirmou Haddad.
A decisão da Prefeitura surge após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido, em agosto deste ano, que os guardas civis podem aplicar multas de trânsito caso os órgãos públicos concordem em celebrar convênios para autorizar o trabalho.
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) disser ser “a favor de iniciativas que ampliem a fiscalização”. Nesta terça-feira, 22, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, disse que embora o Detran seja favorável, a SSP também precisa autorizar. “Mandamos a minuta (do convênio) e, enquanto isso, estamos fazendo reuniões com a Polícia Militar para fazer esse serviço de tentar algumas apreensões na via, de documentação irregular, de tudo”.
Procuradas nesta terça-feira, 22, a SSP e a Polícia Militar não comentaram e não responderam às perguntas feitas pela reportagem.
Guarda civil
Segundo Gilson Pereira de Menezes, comandante da GCM, o convênio com o Detran está prestes a se firmar. Ele não soube precisar a data, mas adiantou que deve ser nas próximas semanas. “A Guarda Civil vai poder fazer a verificação do estado de conservação do veículo e da documentação do condutor, e também vai poder utilizar o etilômetro”, disse Menezes.
O comandante afirmou que o trabalho da GCM poderá ser feito isoladamente ou em parceria com a Polícia Militar. “De sexta à noite a domingo, são vários acidentes por conta do uso de álcool. Queremos colaborar com o Estado para reduzir o número de acidentes e coibir motoristas alcoolizados”, explicou.
Pelo menos dois mil guardas civis vão se capacitar para fiscalizar e apreender veículos. Esse número pode chegar a quatro mil. Menezes explicou que está é uma iniciativa inédita na GCM e no Estado de São Paulo. O comandante descartou a necessidade de contratação de mais guardas civis para a ação.
Hoje, a Guarda Civil Metropolitana atua com radares pistola na fiscalização da velocidade de motociclistas nas Marginais Pinheiros e Tietê. O convênio entre a Companhia de Engenharia do Tráfego (CET) e a GCM foi firmado em janeiro deste ano, o que já permite à Guarda, em âmbito municipal, a aplicação de autuações e o uso dos radares pistola.