O jornal norte-americano econômico Wall Street Journal publicou nesta quarta-feira, 23, uma reportagem em seu site sobre a política do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de investir em ciclovias na cidade. O artigo explica que a medida é controversa e vem recebendo críticas de alguns setores, mas elogia a ação do prefeito.
“Se o prefeito altamente impopular de São Paulo fosse o líder de São Francisco, Berlim ou de alguma outra metrópole progressiva, ele poderia ser considerado um visionário urbano”, escrevem Reed Johnson e Rogerio Jelmayer logo no início do texto.
Segundo os autores, seu “esforço progressista mais visível é tentar converter esta cidade de 12 milhões de pessoas sufocada pelo tráfego em uma zona amigável para bicicletas e ônibus onde carros particulares são tratados como uma peste”. Para a dupla, a iniciativa provavelmente será usada por adversários nas próximas eleições.
Eles afirmam ainda que a iniciativa “de modo geral ganhou altas notas do público, mas enfureceu alguns motoristas que veem o prefeito como uma intromissão quase socialista que está fora de sintonia com a sua cidade auto-cêntrica”.
O texto afirma que numa São Paulo é “lamentavelmente escassa de áreas verdes”, o fechamento da Avenida Paulista para o tráfego de veículos foi bem recebida por pedestres, ciclistas e skatistas, mas o fato agravou as relações com comerciantes e vizinhos da região. Os autores citam ainda a proposta de transformação do Minhocão em um parque linear “a la High Line de Manhattan”, mas dizem que a maioria dos paulistanos não quer a via demolida.
O jornal afirma que apesar das críticas que Haddad tem recebido no País, o prefeito é admirado no exterior por especialistas em transporte que lidaram com problemas de trânsito semelhantes. Como por Janette Sadik-Khan, que foi presidiu a expansão de ciclovias em Nova York, e disse que Haddad está criando as bases para tornar São Paulo mais sustentável. “Não é de se espantar que o prefeito Haddad tem ouvido alguns resmungos. Quando você pressiona o status quo, o status quo reage”, diz.
Mas os autores também apresentam o lado de moradores, como Vilma Peramezza, de 73 anos, presidente de um grupo de moradores que quer mais estudos sobre impactos das ciclovias. “O automóvel sempre foi um objeto de desejo e também uma necessidade. Depois de fazer dessa uma cidade que vive pelo carro, eles querem mudar isso”, diz.