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Crânio revela decapitação mais antiga das Américas

Um estudo liderado por cientistas brasileiros revela o mais antigo caso de decapitação humana já registrado nas Américas – há 9 mil anos -, na caverna Lapa do Santo, em Minas Gerais. Os cientistas encontraram, em 2007, em um nicho a 55 centímetros de profundidade, um crânio com as seis primeiras vértebras cervicais e duas mãos amputadas depositadas sobre o rosto em posições invertidas.

De acordo com os autores do estudo, publicado na quarta-feira, 23, na revista PLOS, há vários indícios de que não se trata do sepultamento de um “troféu de guerra”, como era comum entre povos nativos das Américas, mas de uma decapitação realizada após a morte do indivíduo, em um ritual de sepultamento.

Segundo eles, isso indica que os caçadores-coletores do período já realizavam rituais mortuários sofisticados. Comparações com outros espécimes encontrados na caverna indicam que provavelmente se tratava de um membro do grupo local.

A apenas 60 quilômetros de Belo Horizonte, a região de Lagoa Santa, onde foi feita a descoberta, tem um dos principais sítios arqueológicos do País, com restos humanos de até 13 mil anos. Ali, o fóssil Luzia, o mais antigo das Américas, foi encontrado na década de 1970 e estudado pelo biólogo Walter Alves Neves, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores do novo estudo liderado pelo brasileiro André Strauss, do Instituto Max Planck para Antropologia Evolucionária, da Alemanha.

Segundo Strauss, o caso mais antigo de decapitação registrado na América do Sul até agora ocorreu no Peru há 4 mil anos. “Como a maior parte dos outros casos também foi registrada nos Andes, acreditava-se que a decapitação era um fenômeno restrito àquela região. Mas nosso estudo mostra pela primeira vez um caso fora daquela região”, disse Strauss ao Estado.

Segundo ele, a indicação de uma prática ritualizada é mais relevante do que a decapitação em si. “A decapitação fazia parte de um conjunto de práticas mortuárias extremamente multifacetadas e sofisticadas, que nunca haviam sido reconhecidas na região naquele período”, afirmou Strauss. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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