Um dia antes de falar na abertura dos 70 anos da Assembleia Geral da Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff deu o tom do discurso que usará, ao defender a ampliação de países em desenvolvimento no Conselho de Segurança do órgão. “Não achamos que temos a varinha de condão, mas temos certeza de uma coisa: na multidão dos conselhos é que está a sabedoria”, disse a presidente Dilma, em entrevista, ao ser perguntada pela imprensa estrangeira por que o Brasil pleiteia tanto esta vaga. “Na representação mais forte dos países, dentro da ONU, nos conselhos é que está a verdadeira soberania, é onde vamos conseguir resolver problemas”, comentou.
A presidente Dilma avisou ainda que “não queremos a representação só para nós”. Para ela, o aumento de representantes deve valer tanto para membros permanentes quanto para não permanentes, para que se tenha um Conselho de Segurança “mais equânime, mais representativo”. “Os países emergentes mudaram a correlação de forças macroeconômicas”, disse a presidente, que pretende usar seu discurso na ONU, nesta segunda-feira, 28, para defender a tese de que esses países precisam ter assento no órgão, assim como os que se livraram do colonialismo, como muitos países africanos.
“Queremos fazer parte do Conselho para cumprir o preceito sobre o qual a ONU foi criada, qual seja, evitar guerras, construir consensos e buscar soluções para contribuir para que a humanidade viva em paz”, disse ela ao citar que o órgão precisa ajudar a resolver de uma melhor maneira os conflitos regionais, lembrando que as intervenções armadas não têm apresentado nenhum tipo de resultado satisfatório.
“Não temos visto soluções efetivas com intervenções armadas como as que ocorreram no Iraque, na Líbia e agora os problemas na Síria”, declarou a presidente. “Destruir estados nacionais não leva à democracia, leva a esse tipo de proliferação de terrorismo que tem de ser combatido e completamente combatido”, emendou a presidente. Ao pleitear a ampliação da representação na ONU, a presidente fez questão de reconhecer que o órgão não tem só falhas e que obteve grandes avanços ao longo dos anos.
A reforma do conselho de segurança da ONU foi objeto de reunião, no sábado, entre os países do G-4, que incluem Japão, Alemanha, Índia e o Brasil. Após o encontro, em comunicado conjunto, o G-4 afirmou que a reforma do Conselho de Segurança da ONU é necessária para atualizar o organismo e torná-lo mais eficiente. “Um Conselho de Segurança mais representativo, legítimo e eficaz é mais necessário do que nunca para lidar com os conflitos e crises globais, que têm proliferado nos últimos anos” disse a nota.
Além da reforma da ONU, Dilma vai exaltar também em seu discurso as novas metas climáticas anunciadas neste domingo, além de ressaltar os avanços sociais obtidos no Brasil ao longo dos governos petistas.