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PMs doam dinheiro de bolão da Mega-Sena para cirurgia de menina

Uma menina de 12 anos recebeu um presente especial dos colegas de trabalho da mãe: eles doaram os quase R$ 3 mil que ganharam por acertar quatro números da Mega-Sena, no sorteio do último dia 31. Os doadores são policiais militares do Batalhão de Santo André, no ABC, que se sensibilizaram com a luta da amiga de corporação que está tentando juntar R$ 500 mil para que a filha Isabela possa realizar uma cirurgia no intestino na Inglaterra. A entrega do prêmio foi feita nesta quarta-feira, 4, no hospital em que a menina está internada.

Os policiais fizeram um bolão que reuniu mais de 200 pessoas no final de dezembro e foi organizado pelo cabo Ricardo dos Santos Sales, de 48 anos, que fez a entrega do prêmio. “Quando não faço o bolão, todo mundo cobra. Deu R$ 2.911 e a gente concordou em fazer a doação. Eu me senti muito feliz, porque é gratificante ajudar as outras pessoas. Além disso, ela está precisando e doença não espera.”

Uma das participantes do bolão, a tenente Walkiria Zanquini, de 32 anos, diz que espera que mais pessoas colaborem para que a menina possa fazer o procedimento. “Vai que isso chama a atenção de outras pessoas e alguém se comove. Essa é uma experiência que vamos guardar para o resto da vida. Vamos participar da vida dela.”

A generosidade dos colegas surpreendeu a cabo Glaucia Marina Diringer, de 39 anos, mãe de Isabela. “Nunca vi uma mobilização dessa, porque é difícil as pessoas se desapegarem de dinheiro.” No fim do ano passado, ela já tinha recebido outra doação de um amigo de trabalho.

“Em 24 de dezembro, tinha um policial fazendo uma campanha para o filho para um coração artificial. Ele precisava arrecadar R$ 300 mil em cinco dias e conseguiu R$ 200 mil, mas chegou um coração de um doador e ele me falou que ia passar o dinheiro para a Isabela. A campanha para a minha filha começou a ficar mais forte e os policiais do ABC se comoveram. Preciso de R$ 500 mil e estou com R$ 340 mil”, disse a policial, que é de Mogi das Cruzes.

O problema

Glaucia conta que descobriu que a filha tinha uma má-formação no intestino quando estava no segundo mês de gestação. A menina nasceu com gastrosquise, condição que faz com que o intestino fique fora da cavidade abdominal.

Isabela fez uma série de cirurgias e passou os primeiros quatro anos de vida praticamente morando em hospitais por causa de infecções e internações. Enquanto um intestino normal tem de seis a nove metros, o da garota tem apenas 17 centímetros.

“Ela tem dificuldades para andar e o desenvolvimento neuropsicológico dela é de uma criança de seis anos. Ela fez alongamento do intestino há três anos, mas não deu certo. Descobri um médico na Inglaterra que faz a cirurgia de alongamento revascularizando o intestino. Entrei em contato com ele, mandei os exames e ele disse que ela pode ir. O médico falou que o procedimento tem 92% de chance de ter um resultado positivo.”

A campanha continua em uma página criada pela família, que aguarda a chegada do boleto que virá da Inglaterra e é a esperança de que Isabela finalmente poderá ter uma vida saudável. “Agora, ela está internada. Teve uma parada respiratória em dezembro e, na sexta ou na segunda, vai fazer uma cirurgia para a colocação de uma sonda para se alimentar. Se Deus quiser, vai dar tudo certo.”

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