O PSL tinha dinheiro, mas não tinha poder, afirma Bivar

Dono da segunda maior fatia do fundo eleitoral para financiar campanhas, equivalente a R$ 199,4 milhões, o PSL ficou longe de repetir o sucesso de 2018 nestas eleições municipais. O partido que abrigou o presidente Jair Bolsonaro até o ano passado fez apenas 92 prefeituras, mas nenhuma capital.

"O PSL tinha dinheiro, mas não tinha poder", disse ao <i>Estadão</i> o deputado Luciano Bivar, presidente da sigla, ao justificar o resultado. Apesar dos percalços, Bivar não admitiu erro de estratégia ao lançar candidatos que não chegaram ao segundo turno, como Joice Hasselmann, em São Paulo. O deputado também não respondeu se Bolsonaro voltará ao PSL, mas afirmou que ele "é muito mal assessorado".

<b>O PSL ganhou o segundo maior fundo eleitoral, mas seu desempenho nestas eleições ficou longe do de 2018. O que houve?</b>

O dinheiro é relativo. O PSL não é um partido que tem poder. Tinha dinheiro, mas não tinha poder. Ou seja, não tínhamos as prefeituras nem o governo federal. Se você não alterar o sistema de uma maneira inteligente, só vão restar dois partidos: o do presidente, na área federal, e os partidos dos governadores. Quem não tiver isso aí tem dificuldade, sem as coligações. Crescemos mais de 200% em prefeituras. Tínhamos 30, hoje temos 92. Tínhamos 800 vereadores e agora estamos com 1.196.

<b>O PSL errou ao lançar candidatos nas capitais e nas grandes cidades, observando, por exemplo, o desempenho de Joice Hasselmann em São Paulo e Luís Lima no Rio?</b>

O PSL não errou. O partido não tinha quadros tradicionais. Como é que pode ter um candidato que nunca teve poder, nunca foi governador, nunca foi prefeito e nunca falou "Essa ponte fui eu que fiz"? Nós não temos discurso porque nunca fomos poder. Estamos agora, como alguns partidos pequenos, marcando presença.

<b>O sr. compara o PSL a partido pequeno, mas tem caixa de partido grande.</b>

O caixa é uma grande ilusão. O que faz hoje prefeitos terem poder não é o caixa que a gente distribui para prefeitura de R$ 150 mil, R$ 250 mil. O que faz o caixa deles são as emendas. O PSL não teve emendas. Os caras têm R$ 40 milhões de emendas e distribuem para o interior inteiro. Isso mantém no poder. Não é o dinheiro para fazer a campanha. Eles chegam na campanha com o dinheiro das emendas.

<b>Como avalia o desempenho do presidente Bolsonaro, que está sem partido, nas eleições?</b>

O presidente, politicamente, é muito mal assessorado. Digo isso pela minha paróquia (Recife). Ele indica um candidato que não tem a menor condição (Bolsonaro pediu votos para Delegada Patrícia, do Podemos). Isso é pura falta de assessoria. Ele não sabia nem quem era a pessoa. Se desgasta de graça por causa de mau assessoramento. Se ele não tiver uma assessoria boa, ele vai estar sempre cometendo erros.

<b>A volta do presidente ao PSL é uma possibilidade real?</b>

Isso é assunto para questionar ao presidente. Ele saiu espontaneamente, nós continuamos e cada um escolhe sua forma de fazer política.

<b>Mas a porta do PSL está aberta a Bolsonaro?</b>

Precisa perguntar para quem quer vir se ele tem algum sentimento de vir para o partido. O PSL é como rolo compressor. É pequeno, mas é muito firme. Não arredamos um milímetro.

<b>O sr. e o presidente conversaram sobre eleições na Câmara?</b>

Sim. Falei que temos um grupo independente, PSL, PTB e PROS, que pretende lançar um candidato e não me comprometi em apoiar o candidato dele. Ele entendeu perfeitamente.

<b>Como estão as reuniões com Rodrigo Maia, do DEM?</b>

Conversamos sempre sobre esse grupo independente, que pode ou não se juntar ao grupo de Maia. Não há nada definido.

<b>O sr. é um nome para concorrer à presidência da Câmara?</b>

Eu acho que o PSL precisa ter algum poder na estrutura da Câmara ou do governo para que possa fazer política.

<b>Conseguir espaço na Mesa da Câmara é parte do projeto de poder do PSL?</b>

Exatamente. A costura passa por aí. O DEM, com Maia (na presidência da Câmara) e Davi Alcolumbre (no Senado) cresceu bastante. Essa é a estratégia.

<b>O que muda para o PSL se o Aliança, partido do presidente, sair do papel?</b>

O Aliança existir ou não existir é indiferente. O PSL não está umbilicalmente ligado aos dissidentes do Aliança.

<b>Quais os planos do PSL para 2022?</b>

Vamos fazer uma remodulação nos nossos diretórios para ter políticos que trabalhem sabendo se valer das emendas. O blablablá não vai funcionar.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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