A tradicional lavagem das instalações do Mercado Municipal de São Paulo, na região central, que seria realizada na próxima segunda-feira, foi cancelada. A superlimpeza, como foi batizada, acontecia a cada quatro meses e será substituída por um trabalho de higienização individual dos boxes, que será feito diariamente, com uso reduzido de água.
Segundo a administradora do Mercadão, Aparecida Dolores Veronesi, o trabalho era realizado com a unidade fechada. Com o novo modelo, não será necessário interromper o funcionamento para que o serviço seja feito. “A novidade é que estamos dando orientações para que as limpezas sejam mais econômicas, que reutilizem água quando possível.”
Aparecida diz que a necessidade de fechar o local para a realização da faxina também influenciou, tendo em vista a proximidade do segundo turno das eleições e do feriado de Finados. “Não estamos querendo provocar pânico.” O Mercadão, segundo Aparecida, tem caixas dágua, um poço artesiano e ainda tem parte do abastecimento feito por caminhões-pipa.
A medida foi aprovada por comerciantes. “É mais um dia para lucrar. O pessoal exagerava, achava que jogar muita água limpava mais”, diz o sócio do Bar do Mané, William Loureiro, de 27 anos. Gerente da Dona Diva Doces, Marli dos Santos, de 41 anos, concorda com o novo modelo, mas demonstrou preocupação. “Aqui tem muita poeira. Com o mercado fechado, limpava tudo de uma vez, mas temos consciência de que não tem água.” Já Rogério Farkuh, de 55 anos, que é dono da Pastelaria da Gigia, acredita que será mais fácil higienizar o local. “Em vez de fazer em um dia só, vai repartir o trabalho. Não vai sobrecarregar ninguém.”
No Mercado Municipal da Vila Formosa, na zona leste, além da economia de água, a administração pretende elaborar um projeto para a construção de um poço artesiano na unidade. “Vamos enviar um projeto para a Prefeitura, ainda neste ano, para a construção de um poço artesiano e de uma cisterna”, afirma Rogério Gomes, administrador do mercado.
Supermercados
Redes de supermercado têm relatado alta na venda de água mineral em meio ao clima quente e temores sobre risco de desabastecimento em São Paulo. Apesar da forte demanda, a indústria reporta que não tem havido mudança no processo de produção e descarta o risco de faltar produto.
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou que as lojas das bandeiras Extra e Pão de Açúcar registraram 37% de crescimento das vendas de água mineral na primeira quinzena de outubro na comparação com igual período do ano passado. Os destaques em vendas, segundo a empresa, estão sendo embalagens familiares – 5, 6 e 10 litros – e pacotes promocionais. A companhia ainda declarou que não tem havido problemas de estoque. “A seção de água mineral de ambas as redes continua sendo abastecida regularmente pelos oito fornecedores que o GPA mantém nacionalmente e a companhia mantém estoque do produto adequado para as expectativas de consumo”, disse a empresa, em nota.
Já o Walmart informou que apurou crescimento de 50% em unidades vendidas de água mineral de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A alta é considerada expressiva porque água não é um produto que costuma ter fortes variações de demanda. A companhia também chama a atenção para o fato de que cresceu a procura por embalagens grandes, de 5 litros ou 10 litros. Em anos anteriores, a maior parte das compras era de embalagens de 1,5 litro.
Apesar do crescimento da procura no varejo, a Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam) afirma que os fabricantes ainda não sentiram impacto que altere o ritmo de produção. A entidade descarta o risco de falta de produto para abastecer o varejo. Na avaliação da Abinam, a eventual ausência de algumas marcas nas gôndolas indica apenas que alguns pontos de venda podem ter tido dificuldade para gerir estoques.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.