Inaugurado em julho, embora inacabado, o Trecho Leste do Rodoanel Mario Covas deixou entulho na várzea do Rio Tietê, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Sob um viaduto de 8,8 quilômetros de extensão, entre a Rodovia Ayrton Senna e Suzano, o jornal O Estado de S. Paulo encontrou na última semana restos de concreto, ferro retorcido e plásticos.
O governo do Estado informou que o entulho “está sendo retirado durante a execução da obra”, que não terminou. A reportagem constatou que vigas de concreto foram removidas.
A maior parte do entulho está na altura do quilômetro 119. A menos de 15 metros de distância é possível ver o que resta das antigas áreas de alagamento do Tietê. O viaduto, embaixo do qual há restos da obra, foi construído para minimizar o contato das máquinas e das pistas com os mananciais e áreas de proteção.
O ambientalista Carlos Bocuhy, integrante do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), critica a maneira como os órgãos licenciadores fiscalizam obras de impacto como o Trecho Leste. “Se a estrutura foi feita para proteger a várzea, quando deixam entulho, acaba tendo prejuízo, como perda de espaço de drenagem e a presença de elementos químicos a partir das ferragens”, diz.
Segundo Bocuhy, a várzea do Tietê tem mais de dez espécies em risco de extinção. Outras duas dezenas, entre répteis e aves, estão ameaçadas. Além do entulho, a reportagem flagrou barreiras de concreto das pistas com partes da armação de ferro expostas.
Esgoto
Moradores da Rua Mirante do Paranapanema, em Itaquaquecetuba, reclamam de buracos no asfalto provocados por caminhões da obra. Eles dizem que o recapeamento havia sido prometido, mas nenhum reparo foi feito até agora. Além disso, uma tubulação estourada faz o esgoto vazar na rua.
As obras do Trecho Leste estão a cargo da SPMar, que também responde pela concessão do Trecho Sul, inaugurado há quatro anos. A empresa informou em nota que a limpeza ocorre “de forma sistemática e está prevista para ser finalizada nos próximos meses”. Sobre as barreiras com a armação aparente, a SPMar diz que “dentro do cronograma previsto, o acabamento externo” será feito.
A concessionária ainda afirma que o canal na Rua Mirante do Paranapanema, no trecho dentro da faixa de domínio da rodovia, está desobstruído.
A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) afirmou que os entulhos “estão sendo retirados durante a execução da obra”. Sobre o vazamento de esgoto na Rua Mirante do Paranapanema, a agência diz não ter relação com a obra.
A entrega total do Trecho Leste deve ocorrer entre novembro e dezembro, segundo a Artesp. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.