O médico Nelson Teich, anunciado nesta quinta-feira, 16, pelo presidente Jair Bolsonaro como o novo ministro da Saúde, pretende elaborar um "programa de testes" para ampliar a quantidade de informações sobre a disseminação do novo coronavírus no País e, com isso, "conhecer a doença".
A ideia foi lançada na primeira manifestação após ser apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, como o substituto do então chefe da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Os critérios para aplicação dos testes, porém, ainda não estão definidos, mas o plano do novo ministro é estabelecer uma política específica.
"Esse programa de testes vai ter que envolver SUS, saúde suplementar, a iniciativa do empresariado. Tem que fazer um grande programa. Tem que definir qual a melhor forma, como vai fazer a amostra, que tipo de testes, se é o paciente sintomático, se é assintomático", disse o oncologista. "Isso vai gerar capacidade de entender o momento, a doença e vai gerar capacidade de definir ações."
Por conta da escassez de testes disponíveis, a prioridade tem sido submeter a exames apenas pacientes internados com quadro de síndrome respiratória aguda grave, além de profissionais de saúde e de segurança pública. Especialistas alertam que a subnotificação de casos de covid-19 prejudica um mapeamento preciso do quadro brasileiro.
Apesar de os exames não serem disponibilizados em massa, a equipe que está de saída do Ministério da Saúde vinha exaltando a capacidade de oferecer testes. "A questão do teste é extremamente complexa. O que o Ministério da Saúde tem conseguido é motivo de satisfação", afirmou o atual secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, na semana passada.
O <b>Estado</b> informou na semana passada que mais da metade dos 22,9 milhões de testes esperados pelo Ministério da Saúde não possui data para chegar no País. Além disso, a pasta detectou "limitações importantes" nos 500 mil testes rápidos doados pela mineradora Vale, fabricados na China, e pediu cautela a gestores do SUS ao aplicar o produto.
A desconfiança do governo federal surgiu após análise de qualidade de um laboratório privado, feita a pedido da pasta, apontar 75% de chance de erro em resultados negativos para o novo coronavírus. O porcentual de erro cai para 14% em exames positivos, que apontam a infecção, mesmo assim o governo sugeriu que o produto seja aplicado apenas em pessoas que apresentem sintomas da covid-19 há ao menos sete dias para evitar diagnóstico falso.
<b>Informação</b>
Ao longo do primeiro discurso, Teich insistiu que a carência de "informações sólidas" sobre a doença não permite ações efetivas para contê-la.
"Como temos pouca informação, a gente começa a tratar a ideia como se fosse fato. E começa a trabalhar cada decisão como se fosse um tudo ou nada. E não é nada disso", disse, antes de prosseguir: "O fundamental é que isso seja cada vez mais baseado em informação sólida. Quanto menos informação você tem, mais aquilo é discutido na emoção. Isso é ineficiente."
O novo ministro criticou a polarização entre saúde e economia nas discussões sobre a pandemia. Para ele, tratam-se de coisas complementares, que cooperam entre si. "Existe um alinhamento completo entre mim e o presidente. O que estamos fazendo aqui é trabalhar para que sociedade retome de forma cada vez mais rápida uma vida normal", finalizou.