A eventual eleição do deputado do PMDB, Eduardo Cunha, para a presidência da Câmara não significará “nenhum apocalipse” para o governo, na avaliação do ministro da Defesa, Jaques Wagner, um dos integrantes da coordenação de articulação da presidente Dilma Rousseff
“Terremoto é sempre até o dia do acontecimento. Depois que acontece, no dia seguinte, fazer o quê? Recosturar as coisas”, comentou o ministro, salientando que Executivo e Legislativo têm “maturidade democrática suficiente para enfrentar divergências”. “Todos os partidos da base aliada e da oposição têm responsabilidade com a democracia. Portanto, nada vai ser um terremoto.”
Segundo ele, a dificuldade não foi criada nem pelo PT, nem pelo governo. “Existe uma tradição que perpassa oito anos, de alternância dos dois maiores partidos da Câmara e coincidentemente da base, para ocupar a presidência da Casa. A não aceitação da continuidade, desta sistemática, que pacificou a base, foi que criou esta situação. O melhor caminho é retomar a alternância de dois em dois anos, que foi rejeitado pelo candidato do PMDB”, declarou.
Wagner reconheceu que os ministros petistas do governo estão trabalhando pela eleição do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Mas lembrou que os ministros do PMDB fizeram o mesmo e defendeu que o governo tem mesmo de interferir nesta questão.
“Os ministros do PT, ao verem uma tentativa de estigmatizar seu partido, evidentemente entraram. Eu entrei como petista, como os ministros do PMDB se reuniram e declaram apoio a Eduardo Cunha. Isso não é bom, porque o governo precisa da sua base de sustentação unificada. Acho que a paciência é a mãe dos acordos. Portanto, até domingo, eu, pacientemente, esperarei para que o rio volte ao leito natural”, comentou.