O encontro realizado a portas fechadas em hotel de Brasília por integrantes da nova bancada de deputados federais do PSDB nesta sexta-feira, 30, foi marcado por queixas contra a decisão da direção do partido em apoiar a candidatura do PSB para a presidência da Câmara.
Diante da sinalização de debandada dos tucanos da candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG), o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu horas antes da reunião dos parlamentares apoio ao socialista de Minas Gerais. Com a palavra, parte dos novos deputados, que tomam posse neste domingo, 1º, criticaram o fato de a cúpula tucana não ter participado da decisão em prol do PSB.
Deputados alegaram que não conheciam Delgado e que o candidato ao comando da Casa do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), demonstrou mais atenção durante o recesso aos deputados eleitos do que a própria cúpula do partido. Cunha trabalha nos bastidores para conseguir amplo apoio dos tucanos contra o principal adversário, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), apoiado pelo Palácio do Planalto.
“Falando sobre as eleições da Câmara e ouvindo um pouco de cada um, eu tenho esse mesmo sentimento. Como disse o Caio, o Daniel, o Bruno, a gente precisava ter tido um pouco mais de conversa para também se sentir um pouco valorizados. Acabei recebendo mais ligações do candidato à presidência, Eduardo, do que do próprio partido. Inclusive, ele foi a Rondônia e me convidou para almoçar e sabendo que estou morando em São Paulo, me convidou novamente em São Paulo. Às vezes de pessoas tão perto, não recebemos os convite que deveríamos”, afirmou a deputada Mariana Carvalho.
Embora parte dos novatos tenham se queixado da decisão “imposta” pela cúpula do partido, a maioria considerou que é necessário ter unidade entorno da candidatura de Júlio Delgado no domingo. Um dos deputados considerou que uma “derrota vexatória” do socialista jogaria o PSB no colo do governo federal e diminuiria a força dos partidos de oposição no Congresso. Outros deputados do PSDB lembraram da necessidade de reciprocidade com PSB, que apoiou Aécio Neves no segundo turno da campanha presidencial.
“Quando o PSB apoiou o Aécio, apoiou a cada um de nós. Acho que não só a gratidão, mas um caminho foi traçado lá trás, nas eleições. Se a gente quer uma oposição forte, temos que olhar para trás e ver o caminho que o nosso partido tomou. A gente não pode vacilar”, afirmou Mara Gabrilli (SP).
Gargalhadas
O encontro também foi marcado por momento de descontração por parte dos tucanos. As gargalhadas foram proporcionadas pelo ex-líder da minoria na Câmara Paulo Abi-Ackel que trocou o nome do ex-deputado Julio Redecker pelo de Júlio Delgado.
“Eu tenho uma história interessante na liderança da minoria. Quando cheguei fui designado para ser vice-líder da minoria. Infelizmente, seis meses depois nós perdemos nosso líder, que faleceu no acidente da TAM, o nosso saudoso Júlio Delgado”, disse Abi-Ackel para que foi interrompido pelas risadas dos presentes. Ele então concertou. “Julio Redecker. É tanto Julio.”
O deputado federal Júlio Redecker (PSDB) morreu em 2007 no acidente aéreo do voo TAM 3054, que decolou de Porto Alegre com destino a São Paulo e sofreu um acidente no pouso em Congonhas.