O início do século 21 é o período mais quente já registrado na história e, no futuro, o calor deve aumentar ainda mais, até mesmo no Brasil. Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontam que 2014 foi o ano mais quente jamais identificado, mas alertam que é a tendência que mais preocupa: dos 15 anos com as temperaturas mais elevadas da história, 14 ocorreram desde 2000. O único ano fora do século 21 que entrou na lista foi o de 1998.
No Brasil, o Sudeste registrou no ano passado temperaturas de 1°C a 2°C superior à média entre os anos 1961 e 1990. O aumento ficou acima da elevação das temperaturas no restante do mundo. Segundo os especialistas, o que surpreende é que as temperaturas elevadas de 2014 ocorreram “na ausência de um El Niño totalmente desenvolvido”. A OMM aponta que em 1998 o El Niño teve “grande influência”.
Os dados da OMM confirmam o que a Nasa, agência espacial americana, já havia antecipado, há duas semanas, indicando 2014 como o ano mais quente. Mas, segundo a entidade internacional ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), 2014 é apenas “parte de uma tendência maior” e alerta que o pior ainda está por vir.
“A tendência de aquecimento é mais importante que o ranking individual de cada ano” alertou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. “Nossas análises apontam que 2014 foi o ano mais quente já registrado nominalmente. Mas a realidade é que a diferença entre os últimos três anos foram muito pequenas e todos esses anos estão entre os mais quentes.”
Segundo Jarraud, as temperaturas vão continuar subindo nos próximos anos. “Nossa expectativa é de que o aquecimento global continue.” Para ele, a causa disso é a concentração cada vez maior de gases de efeito estufa na atmosfera, apesar dos esforços internacionais.
Uma das principais consequências dessa concentração de CO2 tem sido a elevação das temperaturas dos oceanos. Em 2014, elas atingiram um nível recorde. Pelos dados compilados pela OMM, a média da temperatura da superfície mundial em 2014 foi 0,57°C acima da média de longo prazo, estimada entre 1961 e 1990. O período de 30 anos é usado como referência para os especialistas.
Para a OMM, 2014 é a “prova” de que serviços climáticos são imprescindíveis nos países, tanto para evitar desastres naturais como para permitir que a comunidade possa se adaptar às mudanças. Segundo a agência, não há dúvida de que alguns locais ficarão menos adequados para a vida da população.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.