Às vistas de cerca de 5 mil pessoas, segundo o Corpo de Bombeiros, os corpos de 10 das 11 vítimas do acidente na Rodovia Deputado Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) foram enterrados no Cemitério Municipal Antonio Barbosa, em Borborema, no interior de São Paulo, na manhã desta quarta-feira, 29.
O velório coletivo começou na tarde desta terça-feira, 28, no ginásio esportivo do município e também envolveu um terço da população da cidade, de cerca de 15 mil pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Durante a manhã, os caixões eram retirados do velório aos pares, após cerimônias religiosas. Às 8h, os corpos das professoras Margarete dos Santos e Márcia Biasotto foram os primeiro a deixarem o ginásio municipal, sob aplausos e choros.
Por volta das 11h, o cemitério recebeu o último estudante morto no acidente: José Vinícius Anzolin, de 17 anos. O jovem é a 11ª vítima da colisão entre o ônibus escolar e uma carreta. Foi o último a ser descoberto, velado e enterrado.
Ao fim do enterro, vários alunos da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto fizeram um abraço coletivo. Amigo de Vinícius, o estudante Kaique da Silva, de 15 anos ficou encarregado do discurso. “Nós precisamos demonstrar o amor que sentimos pelas pessoas enquanto elas estão vivas”, disse.
Kaique estava no ônibus que se envolveu no acidente, mas sofreu apenas ferimentos leves. “Estava sentado do lado dele (Vinícius), na primeira poltrona do lado direito. Como eu queria dormir, passei para a cadeira atrás do motorista”, declarou. “Eu não lembro de nada: do barulho, do acidente, nada. Quando recuperei a consciência já estava em pé na estrada.”
A excursão que levou alunos e funcionários da escola até a cidade de São Paulo saiu de Borborema na madrugada do domingo, 26, para segunda-feira, 27, por volta de 0h30.
Quase 24 horas depois, um dos três ônibus se chocou com uma carreta na altura do quilômetro 368 da Rodovia, em Ibitinga. Onze pessoas morreram e 16 ficaram gravemente feridos – duas delas ainda permanecem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Bauru, com risco de morte, segundo a prefeitura de Borborema.
“A gente vai precisar de muito força para retomar a vida”, afirmou a professora Cleunice Bernardes, de 47 anos, que trabalha na escola.
Quatro dos dez corpos foram sepultados em jazigos da família. Para os demais, a prefeitura de Borborema precisou cavar túmulos no cemitério, já bastante cheio. Apenas uma das vítimas, a professora Roseneide Aparecida Casetta Montera, não foi sepultada na cidade. Seu corpo foi velado em Itápolis.
As aulas na Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto vão ser retomadas na próxima segunda-feira, 3. Amanhã, a cerimônia de luto da prefeitura será realizada no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Borborema, às 19h30.