A escolha de um novo representante legal após o anúncio, nesta quarta-feira, 4, de mudanças na diretoria da Petrobras pode ajudar a empresa a superar obstáculos na divulgação de seus demonstrativos financeiros, de acordo com avaliação da Fitch Ratings. “A mudança tem o potencial de auxiliar a companhia no processo de recuperação de credibilidade em relação às suas práticas contábeis”, informa a agência de risco.
Segundo a Fitch, a nomeação de um gestor (ou gestores) sem vínculo anterior com a companhia e com o governo brasileiro – e alheios ao escândalo de corrupção – pode auxiliar a emissão de demonstrativos financeiros não auditados. Para a agência, um dos impedimentos diz respeito à necessidade de os auditores da Petrobras retomarem a confiança na atual administração e nos controles internos da companhia.
A estatal informou que além da presidente, Graça Foster, outros cinco diretores apresentaram renúncia. A nova diretoria será eleita em reunião do conselho de administração na próxima sexta-feira.
Na avaliação da Fitch, a capacidade de a Petrobras estimar e registrar ajustes em seus ativos fixos, bem como de certificar demonstrativos financeiros auditados dentro do prazo estabelecido, foi prejudicada pelas denúncias de corrupção e pela dimensão da potencial baixa de ativos.
“Um atraso na divulgação dos demonstrativos financeiros de final de ano, posterior à exigência de 120 dias pelos covenants da Petrobras, pode abrir caminho para os credores acelerarem o pagamento da dívida. A falta de clareza prolonga as incertezas sobre a capacidade de a empresa realizar os ajustes necessários para atender aos covenants mencionados.”
Para a Fitch, encontrar um candidato disposto e qualificado para assinar os demonstrativos da Petrobras “será desafiador”, tendo em vista que o grupo de possíveis aspirantes é relativamente restrito.
“A seleção de novos nomes precisará ser externa, sem que haja vínculos anteriores com a companhia, mas os executivos devem estar dispostos a aceitar potenciais riscos legais, sem qualquer compensação legal. Encontrar substitutos que não estejam politicamente vinculados também pode ser difícil, tendo em vista o controle do governo e seu histórico de interferências na Petrobras nos últimos anos.”
Risco
No último dia 3, a Fitch rebaixou os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) em moedas estrangeira e local da Petrobras e os ratings da dívida em circulação da empresa para BBB-, de BBB.
Ao mesmo tempo, colocou o Rating Nacional de Longo Prazo e todos os ratings internacionais da companhia em observação negativa. Estas ações afetaram cerca de US$ 50 bilhões de emissão de dívida, incluindo as emitidas pela Petrobras International Finance Company e pela Petrobras Global Finance, que a empresa garante incondicional e irrevogavelmente.
“A agência acredita que os ratings da Petrobras continuam apresentando risco elevado, uma vez que a dívida da empresa pode ser acelerada se ela não conseguir publicar as demonstrações financeiras auditadas de final de ano dentro do prazo de 120 dias após o término do período, acrescido de carência de sessenta dias.” A Fitch ressalta que, sem as demonstrações financeiras auditadas, a empresa perde acesso aos mercados de dívida.