A reeleição da presidente Dilma Rousseff tem agitado o Ministério da Agricultura, uma das Pastas mais fortes do governo, que somente para a safra 2014/2015 administra um orçamento de R$ 156 bilhões. O atual ministro, Neri Geller, não conta com apoio de seu partido, o PMDB. Peemedebista recém-convertido, o ministro é contestado pela legenda. Em meio à tensão, o secretário de Política Agrícola, Seneri Paludo, deixará o cargo. Conforme apurou o Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, Paludo já teria comunicado Geller que irá assumir a Secretaria de Agricultura do Mato Grosso no governo eleito de Pedro Taques (PDT).
O secretário está, assim, abrindo mão do segundo principal posto da Agricultura – a secretaria é responsável por formular o plano safra e por dialogar com o agronegócio. Foi a gerência à frente da Política Agrícola na gestão de Antônio Andrade (PMDB-MG) que cacifou Geller a substituí-lo neste ano, quando o ministro saiu para ser vice na chapa eleita de Fernando Pimentel (PT) para governar Minas Gerais.
Paludo, contudo, não tem perfil político, ao contrário de Geller, que era deputado federal. Sem experiência na política e com pouco mais de 30 anos, Paludo é visto internamente como “deslocado” do secretariado do ministério. Parte das secretarias da Agricultura é ocupada por apadrinhados políticos. Caso do secretário de Defesa Agropecuária, Rodrigo Figueiredo, à frente da área desde 2013 por indicação do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
Disputa
Os caciques do PMDB pressionam por colocar um nome mais alinhado com a sigla, mas há uma briga interna entre as bancadas do partido na Câmara e no Senado. Agricultura sempre esteve na cota ministerial do partido na Câmara, mas o Senado busca se fortalecer com mais um ministério.
Os senadores peemedebistas pressionam para emplacar um nome seu em Agricultura. A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) é cotada no Senado, mas sofre resistência do mercado. Alguns segmentos do agronegócio são resistentes a Katia, apontada como uma senadora que deixou bandeiras do agronegócio de lado para se alinhar politicamente com Dilma. O setor do etanol é o mais crítico à senadora do Tocantins.
Na Câmara, o burburinho peemedebista tenta imprimir força ao nome do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele perdeu a eleição para o governo potiguar e ficará sem cargo público a partir de 2015. Alves, porém, não tem apoio nem do agronegócio nem do PT. Nos bastidores, comenta-se que Dilma não estaria disposta a dar mais uma vaga na Esplanada dos Ministérios a um integrante da família Alves (o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, é primo de Henrique)
Prêmio
Em meio ao embate, Geller tenta se articular para permanecer no cargo ou mesmo ocupar outra pasta no segundo governo Dilma. Existe entre os atuais integrantes do governo a confiança de que os ministros que trabalharam com mais intensidade pela reeleição da petista sejam agraciados no mandato que começa em janeiro de 2015. Na véspera do segundo turno, Geller tirou quatro dias de férias para fazer campanha no Mato Grosso. O giro do ministro pelas principais cidades do Estado ajudaram a diminuir a diferença de Dilma para o candidato Aécio Neves (PSDB).
No primeiro turno, o tucano obteve 44,7% dos votos válidos, contra 39,53% da petista. No segundo turno, Aécio subiu para 54,67% do votos e Dilma passou para 45,33%. O crescimento pode capitalizar o ministro para uma nova temporada à frente da Agricultura.