Na semana em que criou a comissão especial para acelerar a tramitação do Estatuto da Família – reconhecendo como família apenas os núcleos sociais formados da união de um homem e de uma mulher – e que desenterrou seus projetos apresentados ao longo de 12 anos de atuação parlamentar, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atacou o “preconceito” contra parlamentares evangélicos.
Em seu perfil no Twitter, o peemedebista negou que tenha privilegiado projetos de interesse da bancada evangélica. “É preciso parar de discriminar a atuação de deputados evangélicos porque tem os seus projetos e são atendidos igual aos outros no regimento”, argumentou.
O deputado disse achar “estranho” o destaque do noticiário sobre a criação da comissão especial do Estatuto da Família, projeto de autoria do deputado evangélico Anderson Ferreira (PR-PE) e considera “absurda” a menção à religião quando um parlamentar é evangélico. “Isso é discriminação pura e agride a laicidade do Estado”, concluiu. Ferreira é membro da Assembleia de Deus, a mesma de Cunha.
Em longos comentários, Cunha explicou que todos os projetos desarquivados nesta semana e que estejam em fase de análise de uma comissão especial, terão os grupos de trabalho recriados. “Isso não significa que esteja bancando qualquer projeto”, escreveu. Ele enfatizou que os desarquivamentos são solicitados por deputados e que o critério é igual para todas as propostas. Ao justificar os desarquivamentos, Cunha afirma que os projetos foram arquivados com o fim da legislatura e que ele está apenas retomando o estágio de tramitação das matérias. “Já recriei e recriarei várias comissões especiais de diferentes projetos em tramitação conforme prevê o regimento”, disse.
Logo após ser eleito presidente da Câmara, Cunha solicitou que todas as propostas que apresentou em 12 anos fossem desarquivadas. Na lista que inclui 134 proposições, há itens polêmicos, como o projeto que criminaliza o preconceito contra heterossexuais, o que cria do Dia do Orgulho Heterossexual, o que condena médicos que praticarem aborto a até 20 anos de prisão e o que transforma a prática em crime hediondo. “É preciso parar de discriminar a atuação de deputados evangélicos porque tem os seus projetos e são atendidos igual aos outros no regimento”, reagiu.
Bancada
Cunha também reagiu às informações de que teria interferido diretamente na eleição do novo líder da bancada, o deputado Leonardo Picciani (RJ). O parlamentar disputou a liderança contra Lúcio Vieira Lima (BA) e ganhou por apenas um voto de diferença. O presidente da Câmara disse que defenderá que no próximo ano o líder seja Lúcio.