A carnavalesca Rosa Magalhães fez um desfile correto na São Clemente, que não decepcionaria seu mestre Fernando Pamplona, tema do enredo deste ano. Dentro das limitações orçamentárias da escola, ela contou com criatividade a história do acriano que se mudou para o Rio de Janeiro e transformou o carnaval carioca. Essa criatividade fez a diferença para a escola que terminou os últimos carnavais oscilando entre o penúltimo e o antepenúltimo lugares, escapando por pouco do rebaixamento.
A começar pelas raízes de Pamplona. A comissão de frente e o carro abre-alas exploraram os medos infantis de Pamplona, levando personagens pouco conhecidos do folclore nortista como a Matinta Perera, o mapinguari e outros personagens. O carro da Matinta Perera assombrando a avenida fez efeito bonito, mas um dos dedos da escultura se quebrou logo no início, o que pode levar a escola a perder pontos em alegoria. Outro carro que chamou a atenção foi o do cemitério, onde Pamplona costumava ensaiar seu bloco de sujos.
Pamplona era cenógrafo do Teatro Municipal, foi chamado para ser jurado da escola de samba e, por causa do embasamento que dava ao defender suas notas, acabou carnavalesco do Salgueiro. Ali, fez uma revolução – acabou com carnaval de temas oficiais, reis e princesas e contou a história de Zumbi dos Palmares, personagem que não fazia parte da história oficial brasileira.
A bateria dos mestre Gil e Caliquinho veio vestida de guerreiro zumbi. A madrinha Raphaela Gomes, de apenas 16 anos, era uma rainha africana. “É muita responsabilidade e muita cobrança também. Mas é uma cobrança boa. Me faz querer dar o melhor de mim”, disse a adolescente.
Rosa Magalhães desfilou no carro alegórico que representava o Teatro Municipal, ao lado da atriz Aracy Balabanian. A escola pode ser prejudicada por ter apressado o passo no fim da apresentação. Além disso, cinco baianas sentiram-se mal e precisaram de atendimento médico. Cada fantasia pesava 30 quilos.