A Polícia Militar começou a infiltrar ontem agentes em trajes civis dentro das linhas de ônibus que trafegam pelos principais corredores de transporte público de bairros como Capão Redondo, Jardim Ângela e Grajaú, no extremo sul de São Paulo. A ação, que não tem data para acabar, tem como objetivo combater ataques incendiários contra os veículos.
Segundo o coronel Reinaldo Zychan, comandante do policiamento na capital, do começo do ano até agora, a zona sul de São Paulo registrou a maioria dos casos de ataques contra ônibus. Dos 19 veículos incendiados, 13 rodavam nos bairros em que os policiais infiltrados terão de fazer as viagens.
Além disso, mais 200 PMs dos batalhões de área, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) vão dividir o trabalho com os infiltrados, fazendo o policiamento ostensivo nos corredores de ônibus dos bairros e na fiscalização de transporte coletivo clandestino.
“É mais do que sabido que tem o envolvimento do transporte clandestino com essas ações. É algo que para nós é muito claro e temos policiais militares que vão estar em trajes civis nos ônibus”, disse Zychan.
Da lista de ataques fornecida pela São Paulo Transporte (SPTrans) à PM, a região do Grajaú é a mais perigosa para os motoristas, cobradores e passageiros. Só neste ano, já foram seis ataques, de acordo com um relatório atualizado da SPTrans. No dia 5 de janeiro, por exemplo, cinco veículos foram incendiados por criminosos.
Tráfico. Além da suspeita sobre o transporte clandestino, a PM também trabalha com os casos em que os líderes do tráfico de drogas da zona sul comandam os ataques após operações em pontos de venda de drogas.
De acordo com o comandante, na sexta-feira passada, por exemplo, traficantes de drogas que foram alvo de uma operação da Polícia Militar na área do 100º DP (Jardim Herculano), na região do bairro Guarapiranga, mandaram mensagens por meio de um aplicativo para que os comparsas promovessem ataques contra ônibus. “Foi apreendido um telefone de um dos traficantes com um monte de mensagens dando as instruções”, afirmou Zychan.
Informantes
A PM também quer estabelecer uma rede de contato com as garagens de transporte para que as informações cheguem ao conhecimento da polícia.
“Há certas situações relatadas para nós em que o motorista passa, percebe uma concentração suspeita e segue reto para não incendiarem o ônibus. Só que o próximo que vem atrás não está atento, para e as pessoas acabam agindo.”
Com as ações, o comandante espera “zerar” os casos de ataques contra ônibus na zona sul da capital. Segundo a Prefeitura, no ano passado foram 132 ataques, ante os 65 registrados em 2013.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.