O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), sancionou na tarde desta quinta-feira a nova tarifa de transporte coletivo da capital gaúcha, que terá reajuste de cerca de 10%. A passagem de ônibus passará dos atuais R$ 2,95 para R$ 3,25. Já a tarifa das lotações – serviço complementar de transporte com micro-ônibus – irá de R$ 4,40 para R$ 4,85. Os novos valores entram em vigor no próximo domingo, dia 22.
No início de fevereiro, as companhias que operam as linhas de ônibus da cidade solicitaram um aumento de 18,3% na tarifa de transporte urbano, alegando acréscimo significativo no custo com compra de óleo diesel e com pagamento de salários. O documento foi protocolado pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) junto à Prefeitura. Se o pedido fosse aceito, a passagem subiria de R$ 2,95 para R$ 3,49.
A perspectiva de uma elevação de 18,3% na tarifa provocou protestos por parte de movimentos sociais nas últimas semanas. O deputado estadual Pedro Ruas (PSOL) chegou a protocolar uma ação na Justiça para tentar proibir o aumento no preço do transporte público no município. O argumento era de que, como em Porto Alegre as empresas que prestam este serviço não foram selecionadas por meio de licitação, não poderiam reivindicar reajuste de passagem. O pedido de liminar foi negado.
Na manhã de hoje, o Conselho Municipal dos Transportes Urbanos (Comtu) aprovou, por 14 votos a 3, um estudo técnico realizado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), ligada à Prefeitura, que seguiu recomendações do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O documento sugeriu um reajuste de 10,85%, correspondente a uma tarifa de ônibus de R$ 3,2691. Ao sancionar o aumento, o prefeito arredondou o valor da passagem para R$ 3,25.
Fortunati defendeu a alta de 10%, valor superior à inflação oficial, citando o aumento dos custos de manutenção das frotas nos últimos 21 anos. Segundo ele, o diesel teve acréscimo de 800% entre 1994 e 2015. Já os salários dos rodoviários aumentaram em 520%, enquanto o IPCA foi reajustado em 360%. “Sancionei (o reajuste) porque todos os valores de insumos aumentaram”, disse.
Em janeiro, Fortunati afirmou, em entrevistas, que o preço da passagem de ônibus de Porto Alegre não estava “represado”, ao contrário de outras capitais que reduziram os valores sob pressão dos protestos populares. Por isso, segundo ele, em 2015 a tarifa em Porto Alegre não teria um aumento em patamares elevados como os praticados em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Manifestantes ligados ao Bloco de Lutas pelo Transporte Público protestaram nesta quinta-feira contra a aprovação das novas tarifas. A Avenida Ipiranga, que corta a cidade, foi bloqueada em determinados trechos. Os integrantes do grupo prometem novos atos nos próximos dias.