O ministro da Defesa, Jaques Wagner, em entrevista concedida logo após visitar a unidade de submarinos em Itaguaí, elogiou a iniciativa do PMDB de apoiar o ajuste fiscal. Destacou que esses entendimentos são fundamentais para a governabilidade. “Não se governa sem o Congresso. A intensificação da relação começou ontem com o jantar entre PMDB e governo, na casa do vice-presidente Michel Temer”, declarou o ministro.
Jaques Wagner reconheceu que poderão ocorrer modificações dos textos encaminhados ao Congresso pelo governo, como parte do ajuste fiscal. “Vai sair do Congresso exatamente como entrou? Provavelmente não. Mas não tem nada na democracia que saia do debate igual ao que entrou”, prosseguiu o ministro. Segundo ele, haverá processo de negociação e o PMDB já disse que reconhece que o ajuste fiscal é necessário. “Eles estão trabalhando por isso”. Destacou, ainda, que a própria presidente Dilma Rousseff vai se reunir em breve com as lideranças dos partidos, dentro da agenda de governabilidade.
Segundo Jaques Wagner, o governo não quer retirar direitos dos trabalhadores, mas adequar a legislação. “É adequar direito para a nova realidade, não é tirar direito”, defendeu. “As medidas de ajuste nunca são bem recebidas. Todo mundo prefere ficar na zona de conforto”, advertiu o ministro, ao lembrar que agora, passada as eleições parta as presidências da Câmara e do Senado, o momento é de pensar na governabilidade. “É isso que a presidente Dilma está fazendo”, disse.
Em seguida, o ministro da Defesa citou a visita que fez ao projeto de construção do submarino brasileiro e às viagens que a presidente Dilma retomará a partir de amanhã, em Feira de Santana, com lançamento de mais mil casas do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Ao ser questionado sobre o corte de R$ 1,9 bilhão que deverá atingir a pasta da Defesa, Jaques Wagner disse: “sou parte do governo federal. Sou solidário aos ajustes, porque eles são como um pit stop de corrida de Fórmula Um”. O ministro argumentou que “há 12 anos fazemos programa de inclusão social”. Mas alertou: “Em administração, se passar do ponto, desarruma tudo e podemos perder muito. O momento, agora, é de abastecer de novo, tomar oxigênio para retomar (o crescimento). Não tem mudança de trajetória. A trajetória é de desenvolvimento econômico com inclusão social”, defendeu.
Jaques Wagner negou que projeto de construção de submarinos brasileiros possa sofrer interrupção por causa de corte de verbas. “Não há hipótese de interrupção”, disse. O ministro, no entanto, admite que pode haver uma readaptação dos prazos. “Revisão de cronograma é possível”, declarou. Por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, a Odebrecht Defesa e Tecnologia, em parceria com a francesa DCNS, produz o primeiro submarino com propulsão nuclear do Brasil e outros quatro submarinos com propulsão convencional.
Ao defender a manutenção do projeto, o ministro lembrou que uma economia, agora, pode representar prejuízos mais adiante, incluindo multas previstas nos contratos. “Eu faço parte do governo, mas estou brigando com todo o ministério pela manutenção dos recursos. Vou brigar com o peso político que tenho, mas lembro que sou parte do governo e sei das necessidades (de cortes)”.