Levantamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) aponta que apenas um grupo de 10% de clientes da Região Metropolitana que continua gastando mais água hoje do que antes da crise hídrica consumiu em novembro um volume equivalente a um terço de toda a produção do Sistema Cantareira. São 446.677 consumidores tachados de “gastões” pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) e que estão na mira da proposta de multa apresentada pelo tucano à Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp). A medida deve entrar em vigor em janeiro.
Segundo a Sabesp, esse grupo consumiu 6.386 litros por segundo em novembro, o que resultou em um gasto efetivo de 16,5 bilhões de litros no mês. Dados divulgados pela companhia mostram que se eles tivessem mantido o gasto médio do ano passado, que vale de cálculo para o bônus, o consumo teria sido de 1.551 litros por segundo, ou 4 bilhões de litros a menos. No mês passado, a produção média do Cantareira foi de 18.740 litros por segundo.
Se esses clientes tivessem aderido ao programa de descontos na conta lançado em fevereiro pela empresa e reduzido o consumo em 20%, a economia chegaria a 2.518 litros por segundo, ou 6,5 bilhões de litros. Esse volume equivale a 4,25% da produção total de água para a Grande São Paulo e seria suficiente para abastecer 700 mil pessoas. A partir de janeiro, contudo, quem não reduzir o consumo em relação à média pré-crise será penalizado.
A proposta de Alckmin prevê sobretaxa de 20% na conta para quem consumir até 20% mais em relação à média de fevereiro de 2013 e janeiro de 2014, e de 50%, para quem ampliar o consumo além desse limite. Segundo a Sabesp, assim que a Arsesp autorizar a cobrança de multa, será iniciada uma campanha para conscientização da população sobre a aplicação da medida e as faturas serão entregues com a sobretaxa após 30 dias.
De acordo com a companhia, os “gastões” representam 44% do total de 1 milhão de clientes que consumiram acima da média em novembro, mês do último balanço. Outros 569.343, ou 56%, que gastaram mais do que a média, consumiram menos de 10 mil litros por mês e estarão isentos de multa. Segundo o governo, casos pontuais de aumento de consumo, como de um imóvel que antes da crise não tinha registro, serão analisados individualmente.
Condomínios – Segundo o levantamento da Sabesp, 90,3% dos clientes passíveis de multa são clientes residenciais, 6,8% comércio, 1,4% indústrias, 1% condomínios residenciais e 0,5% entidades públicas. Somente em novembro, segundo a Sabesp, os clientes residenciais considerados “gastões” consumiram 10,2 bilhões de litros, ou 62% do total. Os números mostram que eles consumiram 29% acima da média.
O segundo maior consumo de água entre os gastões são os condomínios residenciais, que foram apontados pela Sabesp como os maiores vilões da economia água porque muitos edifícios não possuem medição individualizada por apartamento. Eles gastaram no mês passado 3,2 bilhões de litros, cerca de 20% do total, mas 35% acima do gasto médio de 2013.
Na sequência aparecem o comércio, com 1,8 bilhão de litros consumidos, e a indústria, com 599 milhões de litros. Juntos, eles gastaram 40% a mais do que a média pré-crise. Neste cálculo não entram os grandes consumidores que têm contratos específicos com a Sabesp. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.