Com o mundo se aproximando de um milhão de mortes por covid-19, o número de infecções voltou a bater recordes na Europa. Os primeiros-ministros da França e da Holanda emitiram advertências severas sobre o aumento de casos em seus países, enquanto, na Espanha, autoridades de Madri rejeitaram o pedido do governo central de um bloqueio maior na capital.
A autoridade de saúde pública da França registrou um recorde de 16.096 novas infecções em 24 horas. Em Paris, declarada zona de "alerta elevado" na quarta-feira, 23, as autoridades hospitalares regionais alertaram que 20% das operações cirúrgicas teriam que ser adiadas neste fim de semana porque os hospitais estavam "se aproximando da saturação" pelos novos casos de coronavírus.
Na quinta-feira, 24, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, fez um pronunciamento na televisão para alertar o país de que a situação se agravava e que a população deveria aderir a medidas de proteção para "evitar o retorno aos piores dias da epidemia".
Em seu relatório semanal, a autoridade de saúde pública francesa disse que na semana de 14 a 20 de setembro, houve um aumento de 25% nas novas mortes atribuídas à covid-19 em hospitais e lares de idosos. O número de novas internações hospitalares aumentou 34% e as novas internações em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), 40%.
Na França continental, 45 departamentos estão acima de 50 casos confirmados por 100.000 habitantes e 16 acima de 100 casos confirmados por 100.000. Em Paris, o número de infecções confirmadas atingiu 217 por 100 mil habitantes.
Houve um aumento do número de casos de contaminação pelo vírus na faixa etária acima de 65 anos. Já quando se observa um recorte sobre os locais de contaminação, a maioria dos infectados estava em ambientes de trabalho, seguido por escolas e universidades e eventos e encontros públicos e privados.
Todos os indicadores do relatório mostraram que as curvas voltaram a subir.
Apesar do agravamento da situação, a decisão do governo de ordenar o fechamento de bares e restaurantes em Marselha e Aix-en-Provence, considerada zona de "alerta máximo", a partir de sábado, continua a provocar a ira de autoridades locais, proprietários de bares e restaurantes. Em Paris e em várias outras grandes cidades onde o vírus está circulando, os estabelecimentos devem fechar às 22h.
As regras impostas pelo governo francês vão afetar até mesmo o Aberto de Tênis da França. Apesar de manter a liberação para presença de público, as normas estabelecem um número de espectadores limitado a 1.000 pessoas.
O número de mortes na França atribuídas à covid-19 é agora de 31.511.
<b>Europa vê recorde de infecção</b>
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, também alertou sobre uma segunda onda de infecções na Holanda. Rutte fez uma declaração depois de mais um registro diário de casos, que aumentou em 2.777 em um dia.
"Os números parecem terríveis Em suma, a situação é muito preocupante e nos obrigará a tomar medidas extras", disse ele a jornalistas em uma entrevista coletiva semanal. Ele espera anunciar as medidas na próxima semana.
Na Espanha – que já registrou mais de 700.000 casos – tem havido mais desunião e mensagens contraditórias do governo central e do governo regional de Madri.
Apesar de se comprometerem a trabalhar juntos para melhorar a terrível situação na capital e nos arredores, os governos nacionais e regionais defendem diferentes estratégias para enfrentar o aumento em Madri, que é responsável por cerca de um terço de todos os casos e mortes na Espanha.
Na sexta-feira, 25, o governo regional rejeitou os apelos do governo central para um retorno de toda a cidade ao bloqueio, em vez disso, anunciou que outras oito áreas na região seriam colocadas no bloqueio parcial já em vigor em 37 zonas.
Quando a ordem entrar em vigor na próxima segunda-feira, mais de um milhão de pessoas na região só terão permissão para entrar e sair de suas zonas de origem por motivos trabalhistas, educacionais, legais ou médicos. As reuniões públicas e privadas foram limitadas a seis pessoas e os parques fechados. As restrições estão sendo aplicadas, entre outras considerações, a áreas onde há mais de 1.000 casos por 100.000 pessoas.
Mas em uma entrevista coletiva paralela, o ministro da Saúde da Espanha pediu uma ação mais drástica, dizendo que as cidades com mais de 500 casos por 100.000 pessoas deveriam ser fechadas. Até a noite de quinta-feira, a região de Madrid tinha registrado 746,15 casos por 100.000 pessoas na quinzena anterior.
O ministro Salvador Illa também recomendou o fim de todo movimento desnecessário na cidade, a proibição de comer e beber nos balcões de bares e restaurantes e que a lotação nas esplanadas fosse reduzida para 50%.
Na quinta-feira, 24, Illa avisou que "semanas difíceis" estavam por vir para Madri e que um esforço concentrado era necessário para impedir a disseminação do vírus na região mais afetada da Espanha. Até o momento, o país registrou 704.209 casos de covid – 133.206 deles diagnosticados nas últimas duas semanas – e 31.118 mortes.