O deputado federal Miro Teixeira (PROS-RJ), um dos principais articuladores políticos do projeto de partido de Marina Silva, a Rede Sustentabilidade, disse ver um cenário “desolador” depois da aprovação, nessa quarta-feira, 25, à noite, na Câmara, do projeto de lei e que altera regras para fusão a criação de partidos. “Estão vindo com o rolo compressor para cima de nós, para cima da Rede e da Marina”, disse em entrevista ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado.
Miro considerou “curioso” o contexto da aprovação apressada do projeto na noite de ontem. “O curioso é que isso veio patrocinado pelo DEM, que vai ser a primeira vítima, porque é claro que os governos têm sempre mecanismos para estimular fusões que lhe favoreçam”, afirmou. O projeto aprovado nesta quarta-feira é de autoria do líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
No plenário da Câmara, Miro criticou o projeto alegando inconstitucionalidade da quarentena de cinco anos para a fusão de partidos – proposta para atingir diretamente a união de PL e PSD, planejada por Gilberto Kassab. Com relação às medidas que afetam a criação da Rede – impedimento de filiados a siglas já existentes assinarem fichas de apoiamento a novas agremiações e a proposta de proibir que parlamentares que migrem para uma nova legenda levem acesso a fundo partidário e tempo de televisão -, Miro disse se tratar de uma “reforma política às avessas”.
“O projeto cria um ambiente de franquia absoluta para partidos instalados. Haverá uma grande valorização das siglas com cinco anos ou mais, mas não em representatividade perante a população, só de negociação com governo, reforçando o fisiologismo”, disse o deputado do PROS.
Miro disse ter conversado com o porta-voz da Rede, Bazileu Margarido, na manhã desta quinta-feira, 26, para agilizar os trabalhos de coleta de assinaturas para a criação da legenda. “Vamos botar o pé no acelerador já neste fim de semana para multiplicar nosso apoiamentos. Temos que mostrar que isso não nos abate, nos dá mais força.”
Segundo o deputado, a Rede já coletou cerca de 45 mil assinaturas, mais que as 35 mil que ainda faltavam para criar a legenda. Mas Miro afirma que a ideia do partido era superar em 150 mil o número requerido de assinaturas, ou seja, chegar a 185 mil, e apresentá-las entre março e abril. Com a tramitação do projeto de Mendonça Filho no Senado, o que acreditam deve ocorrer rapidamente, em vistas do interesse do PMDB de barrar os planos de Kassab, a Rede pode discutir acelerar o cronograma.
O excedente de assinaturas é uma precaução dos integrantes da Rede, que acreditam terem sido perseguidos politicamente em 2013. Naquele ano, assinaturas para criação do partido foram rejeitadas na Justiça Eleitoral e a Rede não conseguiu se formalizar a tempo para participar das eleições de 2014. Marina Silva, que era virtual candidata à Presidência, acabou se filiando ao PSB e se tornando vice na chapa encabeçada por Eduardo Campos.