A escolha do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) como operador político do governo esvaziou o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê reduzir de 39 para 20 o número de ministérios. O tema, que está na pauta na reunião desta terça-feira, 14, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, constrange o Palácio do Planalto, que mobilizou sua base para derrubar a proposta.
Apesar do autor da PEC ter sido o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), integrantes da CCJ e operadores do governo na Casa avaliam que a proposta deve ser derrotada ou simplesmente sair da pauta. Se isso não ocorrer, a conta da derrota governista será debitada na conta de Temer, o que enfraqueceria sua interlocução. A votação da proposta devia ter acontecido na semana passada, mas foi adiada para esta terça-feira.
Esse foi o primeiro sinal de que a PEC estava, nas palavras de parlamentar petista, “subindo no telhado”. “A bancada do PT é radicalmente contra “, diz o deputado Sibá Machado (AC), líder do governo na Câmara. Segundo um interlocutor do Palácio do Planalto na Câmara, o vice presidente está atuando para derrubar a proposta.
Assessores de Temer, porém, dizem que o assunto sequer entrou na pauta dele com membros da base hoje.
Se a PEC entrar em votação na CCJ, a comissão mais importante do Congresso, o mapa governista indica uma vitória por cinco votos de diferença. Já um integrante da cúpula da CCJ prevê uma disputa mais equilibrada. Antes de Temer assumir a interlocução política, a PEC da redução de ministérios contava com ampla maioria na comissão. “A bancada do PMDB está fechada. Nós vamos votar. Creio que se o governo derrubar será sinal de falta de compromisso com o corte de gastos. Michel Temer respeita a nossa posição” , afirma o deputado Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara.