Apesar da crise política na Venezuela ainda não ter arrefecido, a comissão de chanceleres da União de Nações sul-americanas (Unasul) que deveria intermediar uma negociação entre governo e oposição ainda não tem data para ir a Caracas.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, há uma negociação entre a Secretaria Geral da Unasul e o governo venezuelano, mas ainda sem previsão para que o encontro aconteça.
“Continua o mandato da Unasul. No momento que formos convocados, nós participaremos. Vamos viajar e ver as condições dos dois lados. Mas não tem nenhuma data marcada”, afirmou o ministro.
A intenção era que uma reunião prévia tivesse acontecido em Montevidéu, durante a posse de Tabaré Vázquez, o que acabou não ocorrendo. O presidente Nicolás Maduro, que inicialmente iria à posse, desistiu.
A versão oficial é de que o momento não o permitiria sair do país – no dia da posse, o presidente venezuelano participou de uma passeata lembrando os 26 anos do “Caracazo”, o protesto contra aumento da gasolina que terminou com mais de 3 mil mortos.
Outra versão é de que Maduro sabia que sofreria cobranças dos presidentes da região pela prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e pela invasão das sedes do partido de oposição Copei. Nos últimos dias, o governo de Maduro foi criticado pelo presidente da Colômbia e admoestado pelo ex-presidente do Uruguai, José Mujica.
Mesmo o Brasil, sempre cuidadoso no trato com assuntos internos de outros países, elevou o tom na última nota sobre a Venezuela, afirmando haver grande preocupação e citando a prisão de opositores e a invasão das sedes do Copei.
“A posição do governo brasileiro está expressada nas últimas notas e estamos seguindo com atenção e cuidado todos os fatos que estão acontecendo, justamente para ver no que podemos contribuir nessa comissão”, disse Vieira.