Com a expectativa de reunir cinco milhões de foliões, o carnaval de rua do Rio, que cresce desde o início dos anos 2000, já é tão atraente aos olhos dos turistas quanto o desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, acredita a Prefeitura. A Riotur anunciou nesta quarta-feira para o dia 24 a abertura oficial do circuito de blocos, que se estenderá até 22 de fevereiro. Foram autorizados 455 blocos (dois a menos do que em 2014), que sairão por toda a cidade.
No total, serão 600 desfiles (fora os não divulgados), no centro e zonas sul, norte e oeste. O número de banheiros químicos e mictórios – motivo de reclamação de todo carnaval, porque vários bairros passam a cheirar a urina – crescerá 13% esse ano, chegando a 23.586 unidades. O de vendedores de bebida, credenciados previamente, passará de 5 mil para 7 mil. O número de foliões vindos de fora está estimado em 977 mil (ano passado, foram 918 mil).
O fechamento da Avenida Rio Branco para obras de preparação para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) – um dos pilares da revitalização do centro – não irá esfriar o carnaval de rua, garante o secretário de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello. Pela avenida passa o Bola Preta, maior bloco do Rio (com 1,3 milhão de pessoas) e outros gigantes, como Monobloco e Bloco da Preta (que ainda é dúvida para este carnaval).
Os blocos foram deslocados para a Avenida Presidente Antônio Carlos, paralela à Rio Branco e que, entre os anos 1974 e 1976, por conta das obras de abertura do metrô, também recebeu os desfiles das escolas de samba. A intenção é que a concentração fique na Praça 15 e o trajeto seja em direção à Avenida Beira-Mar – um trecho mais curto do que a extensão da Rio Branco, de 1,8 quilômetro de, mais numa via mais larga. Na segunda-feira que vem, deve sair toda a programação dos blocos, com percursos e horários. Os 450 anos da cidade (o aniversário é dia 1º de março) servem de pano de fundo à festa. A Antarctica é a cerveja patrocinadora e vai disponibilizar máquinas que fornecem fantasias de carnaval em troca de latinhas, a serem mandadas para reciclagem.
A Prefeitura começou a organizar a folia dos blocos em 2010, com o fechamento de ruas, destinação de controladores de tráfego, recolhimento de lixo e instalação de banheiros. Segundo o secretário de Turismo, o patrocínio e a contratação de empresa Dream Factory (do grupo do empresário Roberto Medina, realizador do Rock in Rio) para a produção e organização da infraestrutura, faz com que a Prefeitura poupe entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões. “É o maior evento do Brasil, quiçá do mundo, maior até do que as Olimpíadas”, justificou Figueira de Mello.
“A chegada da Prefeitura organizou muito, especialmente na questão do lixo (ano passado foram recolhidas 14 toneladas) e dos banheiros. Antes não tínhamos qualquer interlocução”, atesta Dodô Brandão, diretor do Simpatia é quase Amor, que desfila há 31 anos em Ipanema. “O carnaval de rua é hoje o grande chamariz do Rio, porque, junto com Olinda, é o mais democrático do Brasil. A Sapucaí só tem 70 mil lugares; a gente arrasta isso apenas no nosso primeiro dia de desfile”.