A Polícia Civil de Itapetininga (SP) vai abrir inquérito para investigar a invasão do núcleo de pesquisas sobre eucaliptos da empresa Suzano Papel e Celulose por mulheres militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), na quinta-feira (5). O delegado Vitor Hugo Siqueira Paulino, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), usará as imagens de um vídeo postado na internet pelo próprio movimento para identificar as autoras da depredação. O vídeo mostra quando cerca de mil mulheres com o rosto coberto por máscaras invadiram a unidade e depredaram as estufas onde eram feitos melhoramentos genéticos de eucalipto.
Na unidade, a FuturaGene Brasil Tecnologia, braço de pesquisas da Suzano, desenvolvia a variedade transgênica H421 que, segundo a empresa, produz 20% a mais que a convencional na mesma área. O novo eucalipto estava em processo de aprovação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), cuja sede em Brasília também foi invadida no mesmo dia pelo MST. As militantes usaram paus e facões para destruir as bancadas com as mudas. De acordo com a empresa, perderam-se experimentos pioneiros no País, realizados desde 2001.
Imagens de câmeras existentes no local também serão requisitadas. O delegado espera ainda um relatório da empresa sobre os danos. Além da destruição das mudas, as estufas foram danificadas e as paredes das instalações receberam pichações. Ele deve começar a ouvir testemunhas, funcionários e dirigentes da empresa a partir de segunda-feira. Funcionários relataram terem sido ameaçados pelas invasoras. As militantes identificadas podem ser indiciadas por crimes de invasão, danos, ameaças e organização criminosa, além de crime ambiental.
O MST informou que o eucalipto transgênico põe em risco a polinização das abelhas e eleva o desgaste dos recursos hídricos, o que é negado pela empresa. Em seu site na internet, o movimento considerou a destruição das plantas em Itapetininga uma “vitória parcial”, já que nos próximos 30 dias a CTNBio poderá convocar outra reunião para retomar o assunto. “O mais importante é que conseguimos levar esse debate à sociedade. Não fossem essas ações, muito provavelmente o cultivo de eucalipto transgênico teria sido liberado sem que a sociedade se desse conta, e toda a população pagaria o preço”, afirmou Atiliana Brunetto, da coordenação nacional.