O governo fluminense gastou mais de R$ 1,5 bilhão com a rubrica Publicidade & Propaganda nos oito anos do governo Sérgio Cabral Filho/Luiz Fernando Pezão (PMDB) encerrados em dezembro de 2014, em valores corrigidos pelo IGP-DI. Em média, os dois governadores destinaram a essa finalidade quase R$ 200 milhões anuais. São valores em torno de 52% reais acima do que despendeu Rosinha Garotinho (PMDB), que governou o Rio de 2003 a 2006. Todas as cifras já consideram a inflação do período, porque foram corrigidas pelo IGP-DI. Os cálculos usaram despesas liquidadas (consideradas corretas para pagamento).
De 2003 a 2006, Rosinha destinou a publicidade e propaganda R$ 309.987.548,11. Corrigido para reais de dezembro de 2014, o valor chegou a R$ 511.319.389,08, ou R$ 127,8 milhões anuais. Nos oito anos seguintes, o Estado despendeu R$ 1.298.562.128,15 com a mesma finalidade – depois da correção, R$ 1.559.058.680,53, média de R$ 194,9 milhões/ano. O ano em que Rosinha gastou mais no setor foi 2004: R$ 99.009.418,63 (R$ 167.931.478,89 em cifras de hoje). Já a gestão Cabral/Pezão teve em 2011 seu auge em gastos publicitários. Foram despesas de R$ 222.553.588,12 (corrigidos, R$ 263.083.556,48).
O segundo período de Cabral (finalizado por Pezão) registrou mais gastos que o primeiro com esse fim. Foi um aumento de R$ R$ 731.658.524,09 para R$ 827.400.156,40, uma expansão real de 16%.
A rubrica Publicidade e Propaganda abrange todos os gastos do Estado com essa finalidade. No governo Rosinha, a maior parte das verbas foi alocada pela Secretaria de Comunicação Social. Já de 2007 a 2014 a maioria das verbas publicitárias do Rio de Janeiro era operada pela Subsecretaria de Comunicação Social, subordinada à Secretaria da Casa Civil. As despesas pesquisadas incluem o que foi gasto com essa finalidade em outros órgãos do Estado, como demais secretarias e departamentos. Sua participação no total, porém, é muito pouco relevante.
Os gastos com publicidade do governo do Rio nos últimos oito anos contrastam com a impopularidade de Cabral, que renunciou em abril do ano passado. O então governador vivia uma crise junto à opinião pública, aberta pelas manifestações de junho de 2013. A Polícia Militar, sob seu comando, foi acusada de uso de força excessiva e indiscriminada para reprimir as passeatas. A renúncia foi parte da estratégia do grupo político que controla o Palácio Guanabara desde 2007 para vencer as eleições de 2014. Cabral deixou o cargo e sumiu, evitando contaminar Pezão, seu candidato à sucessão.
Deu certo
Sem Cabral, a campanha de Pezão pode “construí-lo” como homem simples e apresentá-lo como continuação de si mesmo. O governador de quem era vice apareceu poucos segundos na televisão, sem ser identificado como ex-chefe do Executivo estadual. Foi apagado da história recente da administração estadual. A discrição continuou após a eleição. Cabral tem evitado repórteres. Nem mesmo à posse do filho, Marco Antônio Neves Cabral, como Secretário de Esporte, Lazer e Juventude, compareceu.