Moradores de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, fizeram protesto na tarde desta terça-feira, 13, contra a falta de água e de energia que afetou a região depois que uma tempestade, na segunda, 12, derrubou 78 árvores, várias sobre a fiação elétrica.
Os manifestantes bloquearam a Avenida Perimetral com lixo, pneus e pedaços de madeira e houve relato de tiros. Um policial militar foi atingido por um tijolo e sofreu fratura exposta na perna. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Albert Einstein. Ninguém havia sido preso até as 20 horas.
A polícia usou balas de borracha e bombas de gás para conter o protesto.
O temporal que atingiu a capital paulista na segunda, deixou 800 mil pessoas sem luz. Segundo a AES Eletropaulo, a interrupção foi provocada pela queda de árvores, que romperam cabos e postes. À noite, 28 horas depois, 353 mil pessoas continuavam sem energia, principalmente nas zonas oeste e sul.
Mais de 600 mil pessoas também ficaram sem água nessas regiões porque o bombeamento depende de eletricidade, informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). À noite, o serviço estava sendo gradualmente restabelecido.
Na Avenida Miruna, na zona sul, a queda de uma árvore derrubou três postes na frente do Shopping Ibirapuera e a via ficou interditada e sem luz.
Proprietária de um salão de beleza no local, Adriana Oliveira precisou subir no telhado do estabelecimento para limpar os estragos provocados pela queda de uma árvore. Com a pancada dos galhos, os canos da caixa dágua romperam e dezenas de folhas ficaram espalhadas sobre as telhas. “Precisei desmarcar com 20 clientes (por causa da falta de energia). Isso que ainda atendi uma delas no escuro”, disse Adriana.
Sufoco também passou o comunicador visual Ricardo Trifelli, que tem empresa na mesma rua. “Tenho várias encomendas para levar, mas como vou trabalhar sem energia, internet e telefone?”, questionou. Como ontem a empresa ficou fechada e a luz só voltou perto das 18h30, 26 horas depois de ter sido interrompida, Trifelli calcula um prejuízo de cerca de R$ 4 mil.
Zona oeste
Em Perdizes, na zona oeste, os comerciantes também sofreram com a falta de luz por cerca de 20 horas. “Até a marmita dos funcionários azedou”, disse Vanessa Fernandes, gerente operacional de uma lavanderia na Avenida Sumaré. Por causa da interrupção no fornecimento, que começou às 16h30 de anteontem, algumas roupas ficaram presas dentro da máquina de lavar, com risco de manchar. “A máquina não abre sem luz”, explicou Vanessa. A energia foi restabelecida ontem, depois das 14 horas, e as 300 peças encalhadas puderam ser retiradas das máquinas.
No Restaurante Geribá, no cruzamento das Ruas Campevas e João Ramalho, alguns alimentos precisaram ser descartados. “Tivemos de jogar o peixe fora”, afirmou o proprietário Ubiraíba Andrade. “A gente também colocou gelo em cima das carnes para ver se salva.” Sem energia, o movimento à noite de anteontem caiu 50%. A luz voltou ontem às 15h30.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.