Moradores de Moema, bairro da zona sul da capital paulista, sofrem com a falta de luz há dois dias. Desde que o fornecimento da energia foi interrompido, durante o temporal que atingiu a cidade de São Paulo na tarde da última segunda-feira, 12, um quarteirão da Avenida Iraí está às escuras.
Aos 92 anos, a aposentada Aida Fiori está angustiada. Com o lado esquerdo do corpo paralisado, por conta de acidente vascular cerebral (AVC), os dias têm se resumido a ser levada da cama para o sofá e do sofá para a cama. “Estamos sem luz e sem água. Não tem nada pior”, afirma.
Por causa da falta de energia, a bomba do prédio onde mora parou de impulsionar água para os apartamentos. “Há dois dias não consigo dar banho nela”, conta Clarinete Colaerello, que cuida da aposentada. Sem gerador, os elevadores também pararam de funcionar, o que obriga Aida, que usa cadeira de rodas, a ficar ilhada no 9° andar.
Moradora do mesmo edifício, a aposentada Vanda Certalic, de 50 anos, não consegue dormir há duas noites. “Ligo para a Eletropaulo a cada duas horas e ninguém vem resolver o problema”, diz. “Está um tormento.”
Sem água para cozinhar, Vanda precisa descer dois andares de escada para ir até a padaria mais próxima, onde tem feito as refeições. Para passear com o cachorro Bob, com quem divide o apartamento, idem. “Ontem nós descemos às 22h, para espairecer. Se eu ficar trancada, enlouqueço.”
Em um prédio comercial do outro lado da rua a situação é semelhante. Sócios de uma empresa de projetos de engenharia, Marcelo Pretti, de 37 anos, e Paulo Rocha, de 43, não conseguem calcular o prejuízo. “A gente trabalha com prazos e vai ter que indenizar os clientes pelo atraso. Sem luz, ninguém trabalha”, afirma Rocha.
Outro custo que a empresa vai ter de arcar é das horas “trabalhadas” de 20 funcionários. “Ontem (terça-feira) até dispensamos o pessoal, mas descobrir que hoje continuava sem luz foi uma surpresa”, diz Pretti.