O carro do deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB e candidato à presidência da Câmara, foi atingido por um tiro em uma tentativa de assalto, segundo o parlamentar, no dia 3 de janeiro. Cunha contou, na manhã desta sexta-feira, que estava no banco do carona, parado em um engarrafamento na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca (zona oeste), quando o assaltante parou ao lado do motorista, em uma moto. Como o carro, um Tuareg, é blindado, eles não abriram a porta ou a janela. O assaltante atirou e fugiu em seguida.
Cunha descartou qualquer motivação política. “Aconteceu à luz do dia, por volta das 18 horas. Muitos assaltos têm acontecido naquela região, quando os carros ficam presos no engarrafamento. O homem na moto foi em cima do motorista. Não reagimos, então ele deu um ou dois tiros, mas o carro é blindado e ninguém ficou ferido”, disse Cunha. O deputado não registrou a tentativa de assalto na polícia, mas comunicou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). “Falei logo com o governador para evitar qualquer tipo de especulação. Houve uma tentativa de assalto”, afirmou.
Em outubro de 2000, Cunha e o então deputado federal Francisco Silva (PST), dono da rádio evangélica Melodia, foram vítimas de uma emboscada, de madrugada, na região portuária, depois de deixarem a residência do então governador Anthony Garotinho (no PDT na época, hoje no PR), de quem eram aliados. Silva levou um tiro de raspão na testa e Cunha não ficou ferido. “Também foi uma tentativa de assalto”, disse Cunha nesta sexta-feira.
Na ocasião, o atual líder do PMDB havia deixado a presidência da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), após denúncias de irregularidades em licitações. O processo foi arquivado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Atualmente Cunha e Garotinho são adversários.
Há duas semanas, Cunha teve o nome envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, mas, em esclarecimento à Justiça, o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, informou que não tinha ligação com o líder do PMDB. O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, ligado a Youssef, disse a investigadores que fez entregas em uma casa na Barra da Tijuca que o doleiro disse ser de Cunha. A mansão citada pelo policial, no entanto, não é do deputado.
A casa pertence a um ex-conselheiro da agência reguladora de transportes no Estado, Francisco José Reis, que já trabalhou com o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani. O dirigente peemedebista disse não ter mais ligação com Reis. Eduardo Cunha afirmou que a tentativa de ligá-lo à corrupção na Petrobras foi motivada pela disputa pela presidência da Câmara e negou qualquer envolvimento no esquema.